775kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Um prémio para lançar uma nova carreira?

Este artigo tem mais de 3 anos

A primeira história que António Pedro Martins escreveu foi o primeiro livro que Duarte Carolino ilustrou. E depois? Depois, ganharam o Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce numa estreia épica.

i

Getty Images/iStockphoto

Getty Images/iStockphoto

Era uma vez um escritor e um ilustrador que não sabiam que o eram, até ao dia em que ganharam um prémio literário. Na verdade, nem um nem outro alguma vez se tinham lançado na aventura de escrever livros e de os ilustrar, ainda que cada um rabiscasse já as suas histórias e as desenhasse. Mas tudo mudou quando, já este ano, decidiram pela primeira vez participar no Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce e o venceram. Leituras e Papas de Aveia – assim se chama a história vencedora – é mesmo a prova de que este concurso está aberto à criatividade de todos, como uma excelente primeira oportunidade para concretizar sonhos e vocações de quem escreve e desenha. E podendo até, como nos diz António Pedro Martins, de 44 anos, surpreender os próprios artistas: “Há uns anos, comecei a rascunhar algumas histórias, mas encontrava-lhes sempre algumas falhas e ficaram sempre na gaveta, nem mostrava a ninguém. Por isso, posso dizer, não sem surpresa, que esta história foi a minha estreia no exercício da escrita narrativa”.

Duarte Carolino, 48 anos, que nunca tinha concorrido a edições anteriores, até se atreve a dizer que o prémio lhe permite olhar para si de forma diferente. É que, embora trabalhe com regularidade para uma marca portuguesa de brinquedos e estampados têxteis artesanais, nunca tinha ilustrado um livro. “Só agora, com este prémio, é que me sinto ilustrador”, confessa.

Filhas que inspiram

Mas as afinidades entre os dois não se ficam por aqui, já que em comum têm ainda o facto de as respetivas filhas terem sido preciosas ajudas no processo criativo. No caso de António Pedro Martins, a inspiração começou cedo, sem que a bebé Olívia — assim se chama a pequena musa — o suspeitasse sequer: “A história, comecei a escrevê-la nos meses que antecederam o nascimento da minha filha, e foi concluída com ela recém-nascida. A história era para ela, só para ela, mas a publicidade a este concurso ia-me aparecendo à frente, nas redes sociais e nos jornais, e decidi que não perdia nada”. Com apenas oito meses de vida, claro que a Olívia ainda não teve oportunidade de compreender a história que o pai escreveu para assinalar a sua chegada, mas isso não lhe retira o papel que desempenhou na criação do enredo vencedor: “Gosto muito de histórias, acho que há histórias que marcam cada fase da vida de alguém, e eu queria marcar aquela fase, desde que soube que ia ser pai até ao nascimento da Olívia”. Mas aquilo que podia ter ficado por aqui, não ficou. António Pedro Martins explica que deu a história a ler a algumas pessoas e, tendo em conta a boa recetividade, foi levado “a pensar que deveria fazer alguma coisa com ela, dá-la a conhecer a mais pessoas”. Lembrou-se, então, do Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce, ao qual tinha concorrido anteriormente, mas na fase de ilustração, uma vez que é escultor de formação, tendo chegado a passar pelo ensino como professor de Educação Visual.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

António Pedro Martins

Também Duarte Carolino contou com o apoio da filha Luísa, que, com 8 anos de idade, acabou por ter um papel ativo e até, quem sabe, determinante. “Foi um apoio na hora de testar as soluções gráficas que o pai ia criando página a página. Gosto de ouvir a sua opinião”, partilha o designer, formado em Artes Plásticas, atualmente a trabalhar no gabinete de comunicação de uma autarquia.

Esteja atento ao lançamento do livro Leituras e Papas de Aveia 

Mostrar Esconder

O livro vencedor da 7.ª edição do Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce será lançado brevemente, ficando disponível para aquisição nas lojas do Pingo Doce. Fique atento.

Paixão de sempre – ou uma recente descoberta

Grande apaixonado pela ilustração, Duarte Carolino reconhece: “Em pequeno, sabia que ia passar o resto da vida a desenhar”. Algo que tem vindo a cumprir escrupulosamente, sobretudo se o desenho acrescentar dimensões a outras formas de expressão. “Gosto de linguagens que estabelecem pontes com outras áreas neste caso a literatura”, afirma, o que também justifica o seu gosto por banda desenhada.

Quanto à participação no Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce, o vencedor não hesita em revelar que este ano decidiu concorrer para se pôr à prova, “como uma espécie de desafio pessoal”, sobretudo depois de ver a constituição do júri: “Isso foi determinante, no sentido de serem profissionais por quem nutro grande admiração”.

Ao contrário de Duarte Carolino, António Pedro Martins não sonhava passar o resto dos dias a escrever, e admite mesmo que, em pequeno, ler não era sequer uma das suas atividades favoritas, ainda que gostasse de ouvir histórias e de as contar. “É um pouco irónico dizer isto, mas quer a leitura quer a escrita ganharam relevo bastante tarde na minha vida”, diz-nos, acrescentando que “julgava que a leitura e a escrita eram uma grande perda de tempo”. Mas tudo mudou quando alguém se cruzou na sua vida e lhe deu a conhecer o mundo das letras: “Já tinha mais de trinta anos quando me convenceram a ler um livro, e depois outro e outro. Tive a sorte de ter quem me sugerisse obras atraentes e com grande qualidade literária”.

Duarte Carolino

Tendo reconhecido o prazer da leitura já tarde, também a escrita acabou por ser uma descoberta recente, chegando-lhe de forma pouco habitual nos tempos que se vivem. “Gosto de escrever cartas, já ninguém o faz e talvez por isso lhe descubra tanta beleza”, refere, destacando que as cartas foram “o maior exercício de escrita” que encontrou.

Monstros que gostam de ler

Mas, afinal, o que é que os leitores podem esperar da história vencedora da 7.ª edição deste prémio literário? Segundo António Pedro Martins, a maior parte da aventura de Leituras e Papas de Aveia passa-se no quarto da Olívia, que é “protagonista, como não podia deixar de ser”. A verdade é que nas molas do colchão da menina existe uma aldeia de monstros, os quais se decidiram por este quarto, “porque adoram ler e escolhem o quarto dos meninos que mais livros leem”. “Quando a Olívia dorme, todos leem o livro que está na mesa de cabeceira. Até que, um dia, o livro que ali está é um livro de receitas que os leva até à cozinha, onde descobrem as papas de aveia e descobrem também uma grande amizade com a Olívia”, avança o autor, que assim pretendeu “mostrar que a leitura pode ser muito divertida” — e confessa: “coisa que eu próprio demorei a descobrir”.

Duarte Carolino

Passar das palavras às imagens foi a tarefa de Duarte Carolino, já na segunda fase do concurso, destinada a encontrar o ilustrador para a história vencedora. De acordo com o designer, de início, o empreendimento não foi fácil, tendo andado “por ali a lutar com o texto, mais concretamente com os monstros que são os protagonistas da história”. “Não me estavam a sair, até que me lembrei do figurado de Barcelos, mais concretamente do bestiário, e fui por aí”, justifica.

Agora, depois de se saber vencedor, conclui que todas as lutas que travou para ilustrar o conto Leituras e Papas de Aveia valeram bem a pena. E a vitória tem ainda um significado especial: “Significa aquela dose de confiança extra na hora de me sentar a trabalhar”.

Também para António Pedro Martins, vencer este prémio reveste-se de grande importância. “Saber que um júri — e um júri escolhido tão a dedo — leu a história e a escolheu para representar a edição de um concurso onde tantas histórias tentam a sua sorte é o mais enaltecedor”, salienta o escritor, que encara o galardão como “um empurrão, um voto de confiança”. Além disso, afirma que “o valor monetário do prémio é uma surpresa enorme”. “Ainda que saibamos à partida que o valor do prémio é aquele, julgo que só quando me telefonaram a anunciar que era o vencedor é que realmente me dei conta. Como se estivesse a raspar uma raspadinha — quando a compramos, sabemos da probabilidade, mas só quando vemos o que lá está é que exultamos”, conclui com sentido de humor.

Saiba mais em
https://observador.pt/seccao/premio-literario/

Assine a partir de 0,10€/ dia

Nesta Páscoa, torne-se assinante e poupe 42€.

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver oferta

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine a partir
de 0,10€ /dia

Nesta Páscoa, torne-se
assinante e poupe 42€.

Assinar agora