Testar mais, mas com mais critério. Foi essa a mensagem que o Governo quis levar à conferência de imprensa, na Direção Geral da Saúde. Esta segunda-feira foi anunciando um investimento de 8,4 milhões de euros em infraestruturas e equipamentos para construir uma rede alargada que permitirá o diagnóstico da Covid-19 e de outros vírus de forma mais célere. Com o presidente do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge ao lado, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, anunciou o investimento dando conta de que o objetivo é passar dos atuais 10 mil testes diários feitos no SNS para 22 mil.

Este plano, acrescentou Lacerda Sales, foi aprovado a 10 de agosto, tem um financiamento de 8,4 milhões de euros previsto no Programa de Estabilização Económica e Social e a operacionalização técnico-científica fica a cargo do Instituto Nacional Ricardo Jorge. Daí que Fernando Almeida, presidente do Instituto, tivesse sido convocado para a conferência de imprensa para dar conta dos pormenores: 4,8 milhões serão investidos em infraestruturas e cerca de 3,5 milhões em equipamentos. O objetivo não é tirar peso ao setor privado, que atualmente é responsável por cerca de 40% dos testes realizados diariamente (o SNS é responsável por 47% e as universidades e outros laboratórios por 12%), mas sim alargar a capacidade de resposta do SNS para esta e outras doenças epidemiológicas.

“Este esforço não tem a ver apenas e só com a Covid. Nesta altura tem a ver com o diagnóstico dos casos Covid, mas é um investimento que também tem em conta toda a capacidade de diagnóstico para outras emergências e patologias que possam vir a ocorrer”, explicou Fernando Almeida, depois de ter enfatizado que o mote do investimento: objetivo não é testar sem critério, mas sim “ter critério para fazer testes”.

“O que queremos aumentar com esta capacidade não é fazer testes avulso, mas sim aumentar a capacidade de resposta, para que se possa atuar cada vez mais rapidamente em função das interrupções das cadeias e dos surtos epidemiológicos”, explicou, dando conta de que foram estabelecidos critérios com a participação de todos os hospitais do SNS. “Todos os investimentos que foram estudados e que estão a ser estudados foram feitos com critérios ouvindo todas as estruturas hospitalares, com a parceria das ARS e com uma equipa que foi nomeada por um despacho específico do senhor secretário Estado”, afirmou.

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Costa versus médicos. Secretário de Estado confia nos médicos e diz que primeiro-ministro “sempre esteve ao lado dos profissionais de saúde”

Questionado sobre o tema quente do momento, relacionado com as declarações que foram divulgadas de António Costa sobre os médicos que não terão querido entrar no lar de Reguengos de Monsaraz para prestar assistência aos idosos infetados, Lacerda Sales saiu prontamente em defesa do primeiro-ministro mas também reiterou confiança na classe médica, afirmando que o caso de Reguengos foi um caso “pontual”.

“Nos restantes lares, não temos conhecimento de que tal se tenha passado. Confiamos nos médicos e no seu trabalho, e acreditamos que temos condições para que os médicos continuem a dar assistência aos idosos no resto do país”, disse, depois de ter defendido a atuação do primeiro-ministro em toda a linha.

Segundo Lacerda Sales, o primeiro-ministro “sempre tem estado ao lado dos profissionais de saúde”. “Tem estado sempre empenhado em encontrar soluções para a melhoria das condições de trabalho destes profissionais”, disse ainda, dando alguns exemplos de investimentos no setor feitos por António Costa desde 2015. “O Governo e o primeiro-ministro sempre esteve ao lado dos profissionais de saúde”, rematou.

Sobre a realização da Festa do Avante, o secretário de Estado da Saúde afirmou ainda que a DGS solicitou informações adicionais e que a bola está do lado das autoridades de saúde, que ainda estão a redigir as regras em pormenor. “Está do lado da DGS e muito em breve teremos as regras e diretrizes para a festa do Avante, garantindo a segurança dos seus participantes”, afirmou Lacerda Sales.

Graça Freitas complementaria a seguir: “A DGS está a analisar o evento como aquilo que ele é: um evento de massas. Dentro da tipologia de um evento de massas, a festa encerra atividades que podem ser segmentadas. Dentro de cada segmento, elas serão analisadas. É uma análise muito de pormenor”, disse, fazendo depois um repto ao PCP, enquanto organizador do evento: “Há uma grande responsabilidade da entidade promotora para que as regras sejam cumpridas. É um processo de negociação e iremos chegar a um acordo”..