O número de elefantes mortos no Zimbabué com uma infeção bacteriana, alegadamente devido à ingestão de plantas venenosas, aumentou para 22, e “são esperadas mais mortes”, segundo a Autoridade de Gestão de Parques Nacionais e Vida Selvagem do Zimbabué.
A maioria dos elefantes que morreu na Floresta de Pandamasue, localizada entre o vasto Parque Nacional de Hwange e Victoria Falls, era composta por animais jovens ou fracos, disse o porta-voz da instituição, Tinashe Farawo.
Com pouca comida, os elefantes mais jovens que não conseguem alcançar os ramos mais altos das árvores acabam por comer tudo o que conseguem, mesmo a vegetação venenosa”, referiu Tinashe Farawo à agência AFP.
E acrescentou que existe o receio de o problema persistir durante a estação seca, recordando que o Zimbabué tem enfrentado sucessivas secas nos últimos anos, o que deixa os animais com menos água e vegetação para se alimentarem.
Além de uma possível infeção bacteriana, alguns dos animais podem estar a morrer devido ao stress de caminhar longas distâncias em busca de comida e água, disse Farawo.
Segundo este responsável, a superpopulação tornou-se “a maior ameaça” para a sobrevivência da vida selvagem nos parques deste país da África Austral. Os “animais estão a tornar-se uma ameaça para eles próprios”, declarou.
Os elefantes jovens mortos foram encontrados com as presas ainda nos seus corpos, excluindo a caça furtiva como causa de morte. Nos últimos anos, os caçadores furtivos no Zimbabwe envenenaram dezenas de elefantes com cianeto e depois levaram as suas presas de marfim para as venderem a comerciantes ilegais.
As investigações também tentarão estabelecer se existe uma ligação entre estas mortes e as relatadas no vizinho Botswana. Para já, Farawo garante que ainda “não há provas que permitam estabelecer uma ligação entre o incidente no Botsuana e o que está a acontecer no Zimbabué”.
Os cientistas estão a investigar as mortes no mês passado de mais de 275 elefantes na zona do Delta do Okavango, no Botsuana. A caça furtiva, o envenenamento e o antraz também foram descartados como causas dessas mortes.
Grupos de bem-estar animal, como a African Wildlife Foundation, expressaram a sua “preocupação” com as misteriosas mortes de elefantes nos dois países.
Os guardas-florestais deveriam remover e destruir urgentemente as carcaças dos elefantes que se encontram nas proximidades dos assentamentos humanos “para prevenir qualquer potencial transferência de agentes patogénicos”, disse o vice-presidente da Fundação Africana para a Conservação e Ciência das Espécies Philip Muruthi, sediada em Nairobi, no Quénia.
O Botsuana tem a maior população mundial de elefantes, estimada em 156.000, e o Zimbabué tem a segunda maior, com perto de 85.000. No ano passado cerca de 200 elefantes no Zimbabué morreram de fome devido à seca no país.
O Zimbabué argumenta que deveria ser permitido vender alguns dos seus elefantes a jardins zoológicos estrangeiros para aliviar o congestionamento e também angariar mais dinheiro para a conservação, especialmente agora que a Covid-19 obrigou a bloqueios que impedem as visitas de turistas de países ricos.
O congestionamento da vida selvagem nos parques do Zimbabué também resultou num aumento do conflito entre animais e humanos que vivem perto dos parques ou florestas nacionais. Desde o início do ano, mais de 50 pessoas foram mortas nestes confrontos em todo o país, o mais mortífero na última década, disse o porta-voz dos parques.