A pandemia teve um impacto direto de 100 milhões de euros nas contas da EDP, mas a elétrica registou “resultados sólidos” no primeiro semestre e continua “confortável” com os objetivos financeiros traçados, afirmou esta sexta-feira o presidente executivo interino.

“Fomos, obviamente, impactados (e fortemente) pela Covid. Todos foram”, afirmou Miguel Stilwell de Andrade durante uma conference call com analistas para apresentação dos resultados do primeiro semestre da EDP.

Apontando para um impacto da pandemia “acima de 100 milhões de euros, uma grande parte dos quais no Brasil”, mas que “na ibéria também afetou o negócio comercial”, o presidente interino da elétrica destacou que a empresa tem “outras alavancas que lhe permitiram mitigar esse impacto, pelo que, numa base recorrente, acabou por terminar o semestre numa boa posição”.

Obviamente que o segundo trimestre do ano foi difícil, mas estamos muito confortáveis. Temos resultados sólidos, estamos confortáveis com a guidance [objetivos], com os negócios de rotação de ativos e com a forma como estamos a fazer a gestão energética, por isso sentimo-nos muito positivos quanto às perspetivas futuras da empresa. Acho que estamos numa boa posição”, afirmou Stilwell.

O lucro da EDP recuou 22%, para 315 milhões de euros, no primeiro semestre face ao mesmo período de 2019, impactado pela redução do consumo sobretudo durante o confinamento, segundo anunciou a empresa ao final da tarde de quinta-feira.

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Lucro da EDP cai 22% para 315 milhões de euros no primeiro semestre

Considerando apenas a operação em Portugal, a EDP teve um prejuízo de 32 milhões de euros entre janeiro em junho, “no seguimento de dois anos consecutivos de prejuízos nas atividades convencionais no mercado doméstico”.

Considerando que a elétrica está “bem posicionada para crescer”, Miguel Stilwell afirmou-se também “confortável” com a política de remuneração acionista da empresa, que prevê o pagamento de um mínimo de 0,19 euros por ação pelo menos até 2022.

Segundo o gestor, a EDP segue “focada no seu plano de negócios”, até porque a meta de sete GW (gigawatts) em capacidade global eólica e solar pretendida para o período de 2019-2022 ainda só está cumprida em 84%, pelo “há que fazer mais para chegar aos 100%”.

“O nosso balanço vai ficar, no final do ano, onde o queríamos”, disse, salientando que as várias transações que têm vindo a ser efetuadas no âmbito da política de rotação de ativos da EDP lhe têm dado “mais alguma liberdade para se aproximar” do objetivo de evoluir da atual notação de rating de “BBB-” para “BBB”.

De acordo com Miguel Stilwelll de Andrade, “mais de 55% do objetivo de 4.000 milhões de euros de rotação de ativos para o período 2019-2022 já foi executado”, sendo notório um “grande apetite dos investidores institucionais por ativos verdes”.

No caso da joint venture com a francesa Engie focada no negócio eólico offshore (a Ocean Winds), adiantou que “a maioria dos ativos já foi transferida ao longo do segundo trimestre”, estando prevista até final do ano a transferência dos restantes.

Também ao longo do segundo semestre deste ano, a EDP prevê concluir a compra da empresa espanhola Viesgo.