Ainda não tinha perdido qualquer encontro em 2020 antes e depois da pandemia, igualou mesmo Rafa Nadal no número de torneios conquistados no circuito ATP, chegava como número 1 do ranking mundial e era apontado de longe como grande favorito no primeiro Grand Slam da retoma que não contava com o espanhol nem com Roger Federer, os outros mosqueteiros que continuam a dominar o mundo do ténis. Era e, em condições normais, muito dificilmente não chegaria pelo menos à final. No entanto, e à quarta ronda, está fora do US Open.

No jogo da quarta ronda frente ao espanhol Pablo Carreño Busta, Novak Djokovic teve um gesto irrefletido quando perdia por 6-5 no primeiro set e atirou uma bolada na direção errada que acertou na garganta de uma juiz de linha que ficou com algumas dificuldades em respirar após o impacto. O sérvio pediu de imediato desculpa, foi para junto da “vítima” para perceber como estava mas, minutos depois, foi mesmo desqualificado do encontro.

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O jornalista do The New York Times presente no evento reproduziu depois algumas frases do diálogo que Djokovic foi tendo com Lars Graff, árbitro principal do encontro. “Existem várias penalizações pelas quais se pode decidir. Jogo de penalidade, set de penalidade… (…) Ela não teve de ir para o hospital por isto (….) Vai mesmo decidir-se por uma desqualificação nesta situação? A minha carreira, um Grand Slam, o palco principal…”, disse entre outras frases tentando “minimizar” a penalização pela ação, algo que acabou por não conseguir.

“De acordo com as regras dos Grand Slam, na sequência das suas ações de intencionalmente bater numa bola de forma perigosa ou descuidada no court ou de bater a bola de forma negligente, sem atenção às consequências, Novak Djokovic foi desqualificado do US Open. Por esta decisão ter sido tomada, Djokovic vai perder todos os pontos conquistados nesta edição da prova e ficará sem o prize money já conquistado, sem prejuízo de outras sanções respeitantes a este processo”, explicou a organização em comunicado.

As reações não demoraram a cair, com o sempre polémico Nick Kyrgios a fazer um questionário no Twitter que perguntava quantos anos de suspensão iria apanhar caso fizesse algo semelhante (com as hipóteses de cinco, dez ou 20 anos, a título de curiosidade). Já Alexander Zverev, alemão que passou à próxima ronda, revelou-se “em choque”: “É um azar. Deu na bola, uma bola de ténis. É muito azar que tenha acertado numa juiz de linha, especialmente no lugar onde acertou. Há normas para estas situações e creio que os supervisores estão a fazer o seu trabalho”. “É o máximo de azar que se pode ter num court de ténis. Ele não atirou apenas a bola para os apanha-bolas, acertou com mais força do que queria. Foi obviamente um acidente, num sinal de frustração. Mas não importa, não se pode fazer”, comentou o antigo campeão e atual comentador do Eurosport, Mats Wilander.