Em termos oficiais, Luís Filipe Vieira ainda não é candidato, ou recandidato, à presidência do Benfica – embora todos saibam que irá acontecer. Depois da derrota por 2-0 na Madeira frente ao Marítimo, que levou à saída de Bruno Lage do comando técnico dos encarnados, o atual líder assumiu um período de reflexão pessoal mas, pouco mais de uma semana depois, admitiu aos órgãos sociais do clube que iria concorrer a um sexto mandato. Daí para cá, teve uma curta intervenção na apresentação de Jorge Jesus, assinou recentemente um editorial da newsletter diária, escreveu a mensagem do Relatório e Contas do exercício 2019/20 e pouco mais.
De acordo com fontes próximas de Vieira, o primeiro “ato oficial” da recandidatura deveria ser a apresentação da Comissão de Honra que acompanhará a lista aos órgãos sociais (que irá sofrer algumas mudanças). A notícia do Observador sobre a acusação de Rui Pinto sobre um envolvimento do presidente dos encarnados num alegado caso de corrupção com a Odebrecht Brasil, com alegados subornos para a viabilização de um complexo hoteleiro situado no Recife através de uma parceira entre o Grupo Promovalor e a Odebrecht, que se seguiu a outras sobre a Operação Lex, levou João Gabriel, porta-voz da candidatura de Vieira, a reagir em conferência ao que considera ser “uma campanha permanente de insinuações” tendo em vista as eleições. Segue-se, nos próximos dias, a tal Comissão de Honra. E já existem muitos nomes de relevo que apoiam um sexto mandato de Vieira.
Por uma questão de peso institucional e de posicionamento (sobretudo perante a lista de João Noronha Lopes), Luís Filipe Vieira apostou forte na composição deste elenco que tem um carácter meramente de apoio e, segundo o Expresso deste sábado, o primeiro-ministro, António Costa, e o presidente de Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, são dois dos nomes entre mais de 500 que se encontram confirmados. “Não está como primeiro-ministro ou como secretário-geral do PS mas sim como adepto e sócio desde 1988”, disse fonte do gabinete de Costa ao semanário a propósito do apoio, neste caso, do associado número 15.509 das águias, que integra a Comissão de Honra pela terceira vez consecutiva depois de 2012 e 2016. A assessoria de Medina alinhou pelo mesmo diapasão, falando num apoio a título pessoal do sócio número 130.409.
Duarte Pacheco, deputado do PSD, Telmo Correia, deputado do CDS-PP, Joaquim Santos, presidente da Câmara Municipal do Seixal, ou António Saraiva, líder da Confederação Empresarial de Portugal, serão outros nomes já confirmados além de Rui Pereira, antigo ministro da Administração Interna (curiosamente sucedendo no cargo a António Costa) e presidente da Mesa da Assembleia Geral da SAD do Benfica desde a saída de Álvaro Dâmaso.
Além desta presença forte de personalidades mais ligadas ao plano político e económico, a Comissão de Honra de Luís Filipe Vieira contará com figuras de diversos quadrantes. Cristina Ferreira, apresentadora e empresária que se tornou recentemente acionista da TVI após a saída da SIC, é outro dos nomes mais destacados na lista que será apresentada nos próximos dias. Tudo indica também que Jorge Jesus, treinador que regressou este verão à Luz cinco anos depois, marcará presença, à semelhança do que já tinha acontecido quando estava no Sporting, na segunda época em Alvalade, e fez parte da Comissão de Honra da recandidatura de Bruno de Carvalho à presidência em 2017. O Observador sabe ainda que, entre os muitos nomes que foram convidados nos últimos tempos, já houve pelo menos um que declinou esse mesmo convite: o desembargador Ricardo Cardoso.
Numa primeira reação ao apoio do primeiro-ministro e dos presidentes de Câmara de Lisboa e Seixal a Vieira, no âmbito das eleições do Benfica, João Noronha Lopes, um dos candidatos que tem estado em campanha em várias Casas do clube, garantiu que a sua candidatura irá separar política de futebol. “Cada um tirará as suas conclusões acerca da presença do primeiro ministro na comissão de honra de Luís Filipe Vieira mas aproveitamos a oportunidade para assegurar que esta candidatura será sempre pela separação escrupulosa entre a política e o futebol. É por isso que nenhuma Comissão de Honra, lista ou órgão consultivo apresentado por esta candidatura incluirá políticos em funções executivas”, comentou o gestor.