Pedro Proença reuniu de emergência com os clubes no fim de semana para se preparar para o encontro desta segunda-feira com as autoridades de saúde e saiu com cinco conclusões principais. Garantiu que a Liga de Clubes está “satisfeita”, referiu a importância do regresso dos adeptos e revelou que entregou um teste piloto para esse propósito e confirmou o arranque da Primeira Liga na sexta-feira. Quanto ao Sporting-Gil Vicente, tudo ficará decidido esta terça-feira, quando os jogadores que testaram negativo forem novamente testados para averiguar se os plantéis estão aptos.

O Campeonato vai mesmo começar na sexta-feira? Com público?

Sim à primeira pergunta, não à segunda. Da reunião desta segunda-feira entre a Liga de Clubes e as autoridades de saúde, saiu a confirmação de que a Primeira Liga vai mesmo arrancar na próxima sexta-feira, dia 18, com o Famalicão-Benfica (19h), “se o quadro epidemiológico permitir”.

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Quanto a público nos estádios, pelo menos até ao dia 2 de outubro, essa não é uma possibilidade. Nesse dia, Liga, DGS e Governo voltarão a reunir para reavaliar o panorama geral até então e discutir o teste piloto de Integração Gradativa do Público nos Estádios entregue esta segunda-feira por Pedro Proença. “Temos já uma próxima reunião para 2 de outubro para reavaliar o quadro epidemiológico. Apresentámos o teste piloto de integração de público e esperamos que haja sensibilidades das entidades públicas e haja procedimentos equitativos face às outras atividades. Na reunião de dia 2 será feita uma reavaliação e até lá não haverá público. Esperamos que o quadro epidemiológico não crie problemas”, disse o presidente da Liga de Clubes à saída da reunião.

Se um clube tiver um caso positivo toda a equipa tem de ficar em isolamento? O Sporting-Gil Vicente do próximo sábado vai mesmo acontecer?

Pedro Proença explicou que “todos os jogadores que tiveram resultados negativos à Covid-19 serão testados amanhã [terça-feira] para que possam estar disponíveis — os que tenham resultado negativo — na próxima semana”. Ou seja, e naquilo que irá obrigar a uma revisão do quadro de quarentena inicialmente previsto, a ideia é que os jogadores sejam testados em dias consecutivos e anteriores aos jogos e entrem em campo se testarem negativo, independentemente do número de casos positivos que existam no plantel. Isto contraria a ideia inicial de quarentena obrigatória das equipas em caso de transmissão e dificulta o adiamento das partidas.

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“Amanhã todos os jogadores com resultados negativos serão testados. Se os plantéis estiverem aptos, partirão para jogo. Testados os jogadores e dando negativo, teremos o jogo do Sporting. Se terão de ficar em quarentena? O quadro de quarentena está a ser reavaliado pela DGS, portanto, vamos receber instruções sobre isso. A Liga NOS começa na próxima sexta”, confirmou o presidente da Liga de Clubes. A decisão sobre o Sporting-Gil Vicente, agendado para o próximo sábado em Alvalade e em dúvida devido aos sete jogadores infetados nos leões e aos 10 nos gilistas, fica então adiada para esta terça-feira, altura em que se vai perceber se ambos os plantéis estão aptos para ir a jogo.

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Que norma é que Pedro Proença disse que tinha suscitado dúvidas?

À saída da reunião, Pedro Proença referiu que “havia dúvidas que tinham de ser sanadas” e que a DGS “teve a perceção clara de que era importante a clarificação do quadro normativo”, referindo principalmente a “norma 036”. Ora, o ponto 27 do decreto 036/2020 da DGS, contemplado também no ponto 10.2 do Plano de Retoma do Futebol Profissional, pressupõe que a identificação de um caso positivo não torna, por si só, obrigatório o isolamento coletivo das equipas. A aplicação desta regra já tinha sido interpretada como sendo “imperativa” no fim de semana, quando a Liga reuniu de urgência com os clubes e referiu que este foi um “fator decisivo para o término” da época passada.

As “dúvidas” existentes, à partida, estavam relacionadas com os dois jogos da Segunda Liga que foram adiados nos últimos dias. No Ac. Viseu-Académica, o processo foi prático e célere: os jogadores da equipa da casa fizeram os habituais testes de despistagem, foram encontrados três casos positivos e o responsável da ACES Dão Lafões, já em sintonia com a DGS, determinou que os viseenses não deveriam ir a jogo, até pela situação que se vive atualmente no concelho com um quadro atual de transmissão comunitária ativa – fator também salvaguardado na última orientação divulgada pela DGS que colocou o futebol, como as principais modalidades de pavilhão por exemplo, com um “risco médio”.

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Antes, no Feirense-Desp. Chaves, o filme foi diferente. Conforme está previsto no ponto 8 do Plano de Retoma do Futebol Profissional, os dois plantéis fizeram testes 48 horas antes do encontro e, na manhã de sexta-feira, dia de jogo, os transmontanos anunciaram a existência de quatro casos positivos, dois em jogadores (Samu e Raphael Guzzo) e dois em treinadores adjuntos (Pedro Machado e Tiago Castro), mas seguiram na mesma para Santa Maria da Feira para fazer a estreia na Segunda Liga. E porquê? Porque as autoridades não terão feito qualquer alusão à necessidade de haver uma quarentena ou um isolamento profilático aos restantes elementos, como aconteceu esta semana por exemplo no jogo dos Sub-21 de Portugal frente à Bielorrússia.

Assim, tudo correu com a maior das normalidades: a equipa orientada por Carlos Pinto seguiu viagem, chegou ao estádio uma hora e meia antes do jogo, equipou-se, fez o habitual aquecimento, entrou em campo mas, quando o encontro estava prestes a iniciar-se, houve uma indicação da Liga de Clubes para haver um compasso de espera depois de ter sido comunicado ao órgão por parte da ACES do Alto Tâmega e Barroso que não estavam reunidas as condições para que houvesse jogo. “A Liga Portugal, e apesar de existirem condições para a realização do jogo, segundo o Plano de Retoma e perante o cumprimento da Lei 3 das Leis de Jogo, compromete-se, agora, a apurar os motivos que levaram à existência destes casos no plantel do GD Chaves”, salientou.

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A primeira indicação da ACES do Alto Tâmega e Barroso chegou pouco antes das 20h, hora do início da partida, e o relatório assinado pelo responsável Rui Capucho entrou na Liga em termos oficiais às 20h24. No entanto, e de acordo com o jornal Record, a autoridade de saúde regional terá enviado um email ao conjunto flaviense onde dizia que, perante os quatro casos positivos encontrados, o plantel deveria fazer quarentena. O Desp. Chaves, por seu turno, assegura que não recebeu qualquer comunicação nesse sentido por parte da ACES.

A existência de uma “bolha” para o futebol está em cima da mesa?

Em princípio, sim. Pedro Proença disse que há um “princípio de ‘bolha’ que tem de existir para nos salvaguardar do processo de contágio”. Esta opção, pegando nos exemplos de outras modalidades noutros países, deve vincar principalmente algumas das medidas mais rígidas da primeira fase do regresso da Primeira Liga no pós-confinamento, incluindo a redução de contactos dos elementos da comitiva dos clubes e a inexistência de contactos entre os elementos dos clubes que se defrontam.

Que equipas da Primeira Liga têm casos? Quantos?

Até agora, são quatro as equipas da Primeira Liga que anunciaram casos positivos: Sporting, Benfica, V. Guimarães e Gil Vicente. No caso do Sporting, são oito os casos no total, entre sete jogadores (Maximiano, Renan, Gonçalo Inácio, Pedro Gonçalves, Nuno Santos, Rodrigo Fernandes e Borja) e um elemento do staff; no Benfica, Svilar testou positivo, ficou em Lisboa em isolamento e não viajou com a equipa para a Grécia, onde os encarnados defrontam esta terça-feira o PAOK na terceira pré-eliminatória de acesso à Liga dos Campeões; no V. Guimarães, o reforço Nélson da Luz está infetado e isolado mas não chegou a estar em contacto com os colegas; e no Gil Vicente, o caso mais grave, são 15 os casos positivos na totalidade, entre 10 jogadores e cinco elementos do staff.