A empresa norte-americana Oracle confirmou que chegou a um acordo com a empresa chinesa ByteDance, casa mãe da app de vídeos de curta duração TikTok. Em comunicado, a empresa diz que confirma as declarações do secretário Mnuchin, de que faz parte da proposta submetida pela ByteDance ao Departamento do Tesouro durante o fim-de-semana, em que a Oracle servirá de fornecedor tecnológico de confiança”.
No domingo, soube-se que a empresa de tecnologia foi a escolhida como “parceira técnica” da rede social, para orientar as operações da empresa nos EUA. O acordo, dizem o Financial Times e o Washington Post, não prevê a venda total desta rede social e ainda terá de passar pela aprovação da administração de Donald Trump.
Várias fontes ligadas a este processo relataram que a TikTok apresentou uma proposta ao governo dos EUA que permite à ByteDance manter propriedade sobre a rede social, cedendo a outra empresa a gestão da “cloud” de dados dos utilizadores.
Apesar de a primeira empresa a mostrar-se disponível para a corrida ter sido a Microsoft, o TikTok escolheu a Oracle como “parceira de tecnologia” nos EUA. As empresas intermediaram o negócio como forma de tentar satisfazer as preocupações dos reguladores norte-americanos – esta é uma aplicação que esteve no centro de uma polémica recente por causa de uma ordem emitida por Donald Trump, que bania a app nos EUA.
O Washington Post avança ainda que esta proposta, que ultrapassou a da Microsoft (a favorita), pode envolver uma mudança da sede fora da China da ByteDance como forma de atenuar as preocupações expressadas por vários reguladores. Assim evitava-se que a empresa estivesse sujeita à legislação chinesa que exige que as empresas, se instruídas a tal, tenham de partilhar dados das suas plataformas com o governo.
Sendo totalmente concretizada, esta parceria pode transformar-se numa derrota para Trump, já que este tinha prometido o controlo ativo da empresa e do algoritmo da mesma por uma entidade norte-americana. Mesmo assim, opiniões mais ligadas à Administração Trump recusam esse cenário alegando que qualquer acordo teria sempre de ser aprovado por um grupo multidisciplinar que garantisse que as preocupações com a segurança nacional fossem mitigadas.
A Oracle tem uma relação próxima com o presidente norte-americano que já várias vezes se manifestou publicamente a louvar a gestão, por exemplo. O presidente disse no mês passado que a Oracle era “uma grande empresa” que “poderia lidar” com a compra da TikTok. Embora a Oracle nunca tenha parecido uma compradora lógica dos ativos da TikTok nos EUA, ela goza de um relacionamento próximo com Trump. A presidente-executiva da Oracle, Safra Catz, já jantou na Casa Branca com Trump e fez parte da equipa de transição do presidente após sua eleição em 2016. O cofundador e presidente da Oracle, Larry Ellison, organizou uma angariação de fundos para Trump ainda este ano.
O negócio ainda não está totalmente fechado mas, se de facto envolver este gigante do software de negócios — mais conhecido por vender tecnologia de banco de dados que ajuda empresas a administrar as suas operações –, deverá estar em cima da mesa a compra de uma participação na ByteDance.
Foi também no passado domingo que a Microsoft comunicou que a sua oferta para adquirir as operações da TikTok nos Estados Unidos tinha sido rejeitada. A empresa co-fundada por Bill Gates foi a primeira a confirmar que estava interessada no negócio. Tanto a Microsoft como a Oracle estavam na luta por este negócio que goza de uma enorme popularidade principalmente entre os mais jovens. O TikTok tinha 91,9 milhões de usuários ativos mensais nos EUA em junho. Antes disso, em fevereiro de 2019, 26,7 milhões.
*Atualizado com a confirmação da Oracle