Portugal continental terá no próximo ano um novo “Livro Vermelho dos Mamíferos”, atualizando a última avaliação, de 2005, que dava conta de que 24% das 74 espécies avaliadas estavam ameaçadas.

Segundo um comunicado dos responsáveis pela iniciativa, coordenada pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, nos últimos 15 anos o risco de extinção de algumas espécies de mamíferos pode ter-se acentuado.

No documento lembra-se que uma avaliação feita no ano passado pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) foram identificadas nove espécies com estado de conservação desfavorável e 33 espécies com estado desconhecido. A avaliação confirmou situações desfavoráveis para espécies como o toirão, gato-bravo, rato de Cabrera e toupeira-de-água.

Agora, para o novo projeto do “Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental” estão a trabalhar dezenas de cientistas, de outros profissionais e voluntários, com o objetivo de avaliar o risco de extinção de espécies analisadas em 2005 e de outras, mas também avaliar outros mamíferos que existem agora no país, usando critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

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O projeto, diz-se no comunicado, vai também contribuir para avaliar o estado de conservação das espécies abrangidas pela Diretiva Habitats (preservação dos habitats naturais e da fauna e flora selvagens), feito a cada seis anos.

De acordo com o comunicado o projeto abrange todo o território do continente, em especial a Rede Nacional de Áreas Protegidas e as Zonas Especiais de Conservação da Rede Natura 2000.

No âmbito da iniciativa vai ser criada uma base de dados para reunir a informação disponível sobre os mamíferos, que irá incluir por exemplo aspetos da ecologia, distribuição e abundância das espécies.

Diz-se no documento que algumas das espécies mais ameaçadas em Portugal são a cabra-montês (Capra pyrenaica), o lince-ibérico (Lynx pardinus), e o morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale), classificados como “Criticamente em Perigo de Extinção”. Como espécies “Em Perigo” foram (em 2005) identificados o lobo-ibérico (Canis lupus), o morcego de Bechstein (Myotis bechsteinii) e a baleia-comum (Balaenoptera physalus).

Nas “boas notícias” inclui-se o registo, desde 2005, de 12 novas espécies de ocorrência em Portugal continental, entre elas o rato-das-neves (Chionomys nivalis), três novos tipos de morcegos e três de baleia, e quatro novas espécies de golfinhos, além do cachalote-anão (Kogia sima).

A criação do “Livro Vermelho os Mamíferos de Portugal Continental” terá a contribuição de investigadores, técnicos e vigilantes da natureza do ICNF, e cidadãos.

O projeto, que foi lançado no ano passado, dá especial atenção a grupos ou espécies sobre os quais há pouca informação, aos que se suspeita estarem em declínio acentuado, aos que estão classificados no grupo de “informação insuficiente” no “Livro” de 2005, às novas espécies, e às espécies com estado de conservação “Desconhecido” ou “Desfavorável” no âmbito da Diretiva Habitats.