O primeiro dia de treinos livres não tinha corrido propriamente da melhor forma nem para Miguel Oliveira nem para a própria KTM: na sessão inicial, o português terminou com o 19.º tempo, à frente do companheiro de equipa na Tech3 Iker Lecuona e a 1.8 de Pol Espargaró, o melhor nas motos de fábrica que não foi também além do décimo posto; na segunda, o piloto de Almada subiu à 13.ª posição, foi melhor do que Brad Binder e reduziu a distância para o espanhol (oitavo) em cerca de meio segundo. As Yamahas e as Ducatis tinham os melhores registos, a Honda de Nakagami mostrava-se mas pouco se poderia retirar devido à chuva que caiu em Le Mans e que apenas permitiu algumas voltas com pista seca para os pilotos. Uma ideia que se confirmou este sábado.

Saiu de 12.º, seguia em nono, caiu na curva 2: Miguel Oliveira abandona GP da Catalunha no dia em que Rossi falhou o pódio 200

“Foi um dia confuso, com pouco tempo de pista seca, mas cumprimos o que tínhamos planeado para a tarde, adaptámo-nos rapidamente à situação e conseguimos fazer algumas voltas com a pista seca. Espero que a qualificação seja feita com a pista seca e espero conseguir entrar diretamente na Q2”, assumiu Miguel Oliveira. Lançou e cumpriu: logo na sessão da manhã (sem chuva), o português fez uma volta canhão de 1.32,449, fazendo o segundo melhor registo apenas atrás do líder do Mundial, Fabio Quartararo (Yamaha, 1.32,319), e garantindo uma passagem automática para a Q2 entre os 12 melhores dos treinos livres. E a festa fez-se sentir junto da equipa, com muitos aplausos à mistura para o grande tempo que ultrapassou (nessa fase) o dia confuso da véspera.

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No entanto, nem tudo foram rosas em Le Mans: na quarta sessão de treinos livres, Miguel Oliveira começou por ter um problema técnico na moto que deixou um rasto de óleo na pista e obrigou à interrupção desse período, sofrendo depois uma queda na curva 6 que o obrigou a voltar para as boxes. Apesar dessas incidências, o português estava pela sexta ocasião em nove provas de 2020 no Q2, tendo como melhor registo a quinta posição em que saiu para o Grande Prémio da Andaluzia, a que se seguiu o oitavo posto na Estíria (nos restantes, foi 11.º na Áustria e 12.º em São Marino e na Catalunha), mas as questões registadas antes tiveram o seu peso e, entre uma troca de palavras mais acesa com Pecco Bagnaia, o piloto da Tech3 não foi além da 12.ª posição na qualificação.

Fabio Quartararo conseguiu a terceira pole position (conseguira nas duas provas iniciais, que viria depois a ganhar) na temporada na última volta, seguido pelas Ducatis de Jack Miller e Danilo Petrucci que completam a primeira linha da grelha. Pol Espargaró, o outro piloto da KTM que acedeu à Q2, vai sair da terceira linha com o oitavo melhor tempo, entre Pecco Bagnaia e Johann Zarco, também pilotos da Ducati.

“Não foi a qualificação desejada. Depois do problema com o motor que tive no quarto treino livre, tive de parar e recomeçar com um pneu novo à frente. Na primeira volta, o pneu ainda estava frio e caí. Consegui recuperar a mota e trazê-la às boxes, porque era a única mota que tinha disponível para fazer a qualificação. Saio outra vez da quarta linha da grelha. Vai ser uma corrida dura, um pouco de sobrevivência. As coisas vão ser duras para todo mas penso que posso fazer um bom resultado amanhã [domingo]. A estratégia passa por manter a salvo nas primeiras voltas. Julgo que é um bom ritmo de corrida e tenho de manter um pensamento positivo”, comentou Miguel Oliveira à sua assessoria de comunicação depois de um final de manhã onde perdeu duas motos.

De recordar que o Mundial de MotoGP tem agora três provas em semanas consecutivas, a começar por esta corrida em Le Mans a que se seguem duas em Aragão, onde Miguel Oliveira coloca grandes expetativas para se aproximar dos lugares cimeiros da classificação geral. “Queremos dar a volta ao resultado de Barcelona [desistência por queda] e marcar pontos, que é o mais importante. O objetivo é terminar todas as provas e se possível dentro dos cinco primeiros lugares. Em França, por ser a corrida caseira para a Tech3, sinto-me ainda mais motivado para conseguir um bom resultado. Estou muito satisfeito por poder voltar a trabalhar”, salientara antes.