O governo irlandês decretou esta segunda-feira o alerta máximo do plano de combate à pandemia de Covid-19, que obriga os cidadãos a permanecerem em casa e o encerramento de bares, restaurantes e comércios não essenciais, mantendo abertas escolas e creches. Decisão do governo irlandês surge num momento em que os números do contágio estão a subir, como em vários países europeus, e duas semanas depois de se terem melhorado as estimativas sobre o impacto da pandemia na economia – uma estimativa de recessão de 9% transformou-se numa queda de apenas 0,4%.
O novo confinamento, menos restrito que o imposto na primeira vaga da pandemia do novo coronavírus, entrará em vigor na próxima quinta-feira e durará seis semanas, prevendo levantar progressivamente as restrições até ao início de dezembro, para que a economia possa recuperar durante o período natalício. O aumento acentuado no número de casos Covid-19 na semana passada forçou o governo de Dublin a decretar o alerta máximo em toda a República da Irlanda, seguindo as recomendações dos conselheiros sanitários.
Com as novas restrições, os bares e restaurante apenas poderão oferecer o serviço de venda de comida para fora, serão proibidas todas as reuniões familiares e não serão permitidas visitas a outras residências, para quem vive sozinho foi criado um programa para permitir às pessoas em risco de isolamento social ou com problemas de saúde mental receber outras pessoas em casa. As deslocações não essenciais, como passeios ou saídas de casa para exercícios físicos, serão limitadas a um raio de cinco quilómetros – e haverá penalizações para quem não cumprir.
A população só poderá abandonar os respetivos condados para trabalhar, estudar ou “por outros propósitos essenciais”, apesar de o governo recomendar que se trabalhe a partir de casa sempre que tal for possível. Os serviços de transporte vão passar a funcionar com 25% da capacidade, apenas para trabalhadores essenciais. Porém, as escolas e creches do país permanecem abertas: “Não podemos permitir que as nossas crianças e o futuro dos nossos jovens sejam outra vítima desta doença“.
Desde o primeiro confinamento, o sucesso das restrições então impostas dependeu do grau de cumprimento voluntário da população, uma vez que as autoridades não dispõem de ferramentas legais para, por exemplo, multar os infratores.
No entanto, o governo de Dublin confirmou esta segunda-feira que está a finalizar um pacote legislativo de emergência para impor sanções durante o novo confinamento. Segundo os últimos dados oficiais, esta segunda-feira divulgados, a Irlanda não registou mortes nas últimas 24 horas, cujo total se mantém em 1.852, mas contabilizou 1.031 novos casos, com o acumulado a situar-se nos 50.993.
No início de outubro, foi divulgado que a economia da Irlanda poderá fechar o ano de 2020 com uma contração económica de apenas 0,4%, segundo as novas projeções divulgadas pelo Banco Central da Irlanda. O mesmo banco central tinha, em julho, apontado para uma recessão na ordem dos 9% mas os dados mais recentes apontam para um desempenho melhor do que o esperado das exportadoras ali sediadas – com as farmacêuticas à cabeça – o que poderá fazer com que a economia tenha um desempenho muito melhor do que o temido. E muito melhor do que os outros países da zona euro.