A Câmara de Beja criou dois postos de retaguarda na cidade com mais 30 camas destinadas a pessoas em isolamento profilático ou infetadas com o vírus da doença Covid-19, devido ao “agravamento” da pandemia no concelho.

Os espaços, previstos no plano de contingência do município devido à Covid-19, foram criados para “reforçar a capacidade” de resposta em termos de postos de retaguarda, porque a situação epidemiológica no concelho “agravou-se”, explicou esta sexta-feira à agência Lusa o presidente da Câmara de Beja, Paulo Arsénio.

Segundo o autarca, as 30 camas vêm juntar-se às 70 do Centro de Acolhimento da Base Aérea N.º 11 e às 50 montadas no Regimento de Infantaria N.º 1 do Exército Português, perto da cidade, elevando para 150 o número de camas de retaguarda existentes no concelho.

O autarca disse que, no início da pandemia, foram criados vários postos de retaguarda na cidade, os quais, devido ao “reduzido” número de infeções no concelho de Beja durante vários meses, “não se revelaram necessários” e foram desativados em maio e junho, após o fim do Estado de Emergência e da retoma das atividades.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Por isso, “a capacidade foi sendo reduzida” e, agora, “devido ao agravamento da situação epidemiológica” no concelho, que, atualmente, tem mais de 200 casos de infeção ativos, o município decidiu “retomar um pouco o plano e reforçar a capacidade”. Por outro lado, frisou, arrancou este mês a campanha olivícola de 2020/2021, o que faz com que haja “uma presença muito forte” de comunidades de imigrantes a viver e a trabalhar na apanha da azeitona no concelho de Beja até fevereiro e em “muito maior número do que noutras alturas do ano”.

“Se tivermos algum problema de Covid-19 no seio destas comunidades, poderemos ser obrigados a ter de recorrer a uma destas estruturas de retaguarda”, frisou.

Segundo o autarca, um dos novos postos destina-se a pessoas sem condições para cumprir em casa isolamento profilático determinado por autoridades de saúde e dispõe de 24 camas distribuídas por quatro tendas montadas e várias cabines de duche e casas de banho portáteis instaladas no Pavilhão Institucional do Parque de Feiras e Exposições de Beja. O outro posto, instalado no edifício do Aeródromo Municipal de Beja, que está situado perto da cidade, dispõe de seis camas destinadas a pessoas infetadas com o vírus que provoca a doença Covid-19 e sem condições para poderem fazer a recuperação em casa.

O edifício do aeródromo tem condições de habitabilidade e as refeições serão levadas às pessoas que ficarem alojadas no espaço por entidades contratadas para o efeito pelo município. Os dois postos, criados com camas, equipamentos e o apoio do Exército Português e da Cruz Vermelha Portuguesa, vão ser geridos pela Câmara de Beja e as camas serão cedidas de acordo com pedidos da autoridade pública de saúde, explicou.

Segundo Paulo Arsénio, o município dispõe ainda de 90 camas cedidas pelos serviços do Alentejo da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares, as quais, se necessário, poderão ser usadas para instalar um posto de retaguarda no Pavilhão Municipal João Serra Magalhães. Em breve, a Pousada da Juventude Beja, que tem 38 camas, poderá estar disponível para alojar pessoas em isolamento profilático ou infetadas com o vírus da covid-19, acrescentou.

Na cidade de Beja, há registo de quatro surtos de Covid-19, dois no Hospital José Joaquim Fernandes e dois em lares de idosos, o da Mansão de São José e o do Centro Paroquial e Social do Salvador. O primeiro surto no hospital de Beja, que foi identificado em 24 de setembro e está ultrapassado, infetou 36 profissionais de saúde, todos já recuperados e a trabalhar. O segundo surto no hospital, divulgado na quinta-feira, já infetou 14 pessoas, nomeadamente oito profissionais de saúde e seis doentes.

No Lar Mansão de São José, que apenas acolhe utentes do sexo feminino, o surto, identificado no dia 14 deste mês, infetou 107 pessoas: 87 utentes – sete das quais já morreram – e 20 funcionários. Já o surto no lar do Centro Paroquial e Social do Salvador, divulgado no dia 19 deste mês, infetou 32 pessoas, nomeadamente 25 utentes – dois dos quais morreram – e sete funcionários. Atualmente, no Centro de Acolhimento da Base Aérea N.º 11 estão 54 utentes lar Mansão de São José, dos quais 52 infetados e dois não infetados.