A rede social Twitter retirou um comentário controverso do antigo primeiro-ministro malaio Mahathir Mohamad, relativo ao debate desencadeado pelas palavras do Presidente francês, Emmanuel Macron, sobre o islão.
Numa série de mensagens, em que Mahathir Mohamad defendeu os valores do Islão e as diferenças culturais e religiosas em relação aos países ocidentais, o antigo governante da Malásia classificou Macron como “primitivo”.
O malaio, que nas primeiras publicações afirmou “não aprovar o assassínio, como muçulmano”, elevou gradualmente o tom das mensagens e escreveu que “os mullah [clérigos islâmicos] têm o direito de se zangarem e matarem milhões de franceses por causa dos massacres cometidos pela França no passado”.
O comentário, que durante horas se manteve visível no perfil do primeiro-ministro, que governou a Malásia de 1981 a 2003 e de 2018 a fevereiro deste ano, foi removido pela rede social por ter sido declarado que violava as regras da plataforma.
But by and large the Muslims have not applied the “eye for an eye” law. Muslims don’t. The French shouldn’t. Instead the French should teach their people to respect other people’s feelings.
— Dr Mahathir Mohamad (@chedetofficial) October 29, 2020
Mahathir, famoso pelos ataques contra o Ocidente e Israel, proferiu este comentário após o ataque terrorista com uma faca numa igreja católica no centro de Nice, no sul de França, onde três pessoas morreram.
O suspeito, um tunisino de 21 anos que gritou “Alá é grande”, foi neutralizado pela polícia e permanece num hospital em estado crítico.
O ataque ocorreu duas semanas após a decapitação de um professor na região parisiense. Samuel Paty foi assassinado depois de ter mostrado caricaturas de Maomé numa aula sobre liberdade de expressão.
Numa homenagem ao professor, Macron reiterou o compromisso de França com a liberdade de expressão, incluindo a publicação de caricaturas.
As declarações do chefe de Estado francês suscitaram uma onda de contestação em vários países muçulmanos, incluindo manifestações e boicotes aos produtos franceses.
A Malásia juntou-se esta semana ao coro dos países muçulmanos que criticaram as palavras de Macron, embora, ao contrário de outras nações, não tenha apelado para um boicote aos produtos franceses.