O primeiro-ministro francês, Jean Castex, anunciou no passado domingo em entrevista televisiva que as grandes superfícies comerciais francesas não vão poder vender bens não essenciais a partir de terça-feira. O objetivo da medida passa por evitar um clima de competição desleal numa altura em que todos os serviços não essenciais encerraram, devido ao segundo confinamento nacional, anunciado por Emmanuel Macron na passada sexta-feira.

“Situação dramática”. É assim que os pequenos comerciantes descrevem a sua condição, depois de verem os seus espaços encerrar, principalmente numa época que antecede ao Natal. Após ter-se reunido com várias associações de defesa do comércio local e das grandes cadeias de supermercados, o Governo francês decidiu que “por equidade” se deva proibir a venda de bens que não sejam de primeira necessidade em grandes superfícies.

Sindicatos de comerciantes mostraram-se a favor da decisão, mas frisam que o importante seria a reabertura das lojas. Mas o primeiro-ministro francês já veio esclarecer: “Nós não vamos rever as medidas anunciadas [de um novo confinamento]. Não é definitivamente o tempo certo. É muito cedo. Não vai haver reabertura e todos os donos de negócios e todos nós temos de ser vigilantes e temos de respeitar o confinamento”.

Apesar do levantamento do confinamento estar previsto para 1 de dezembro, o ministro das finanças francês, Bruno Le Maire, prometeu que ia rever a situação a 12 de novembro: “Podemos reabrir várias lojas se a situação de saúde permitir”, dá conta a imprensa local. E também anunciou 20 milhões de euros de ajudas suplementares para os comerciantes obrigados a fechar.

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O encerramento de lojas não essenciais não ocorreu em todo o país. Alguns autarcas de pequenas cidades francesas, como Perpignan, Brive, Beaune, entre outras, desafiaram o poder central e decidiram que não iam fechar as lojas devido à desigualdade face às grandes superfícies e às vendas de comércio online. O ministro das finanças francês criticou a atitude de “alguns autarcas irresponsáveis que contrariam as ordens tomadas pelo Estado” e afirmou que não estavam a “ajudar os comerciantes”, mas “a pôr em risco a saúde dos franceses”.

Embora a atitude de alguns autarcas tenha gerado a indignação ao governo, o primeiro ministro francês reconheceu, no entanto, que as proibições de venda de bens não essenciais nas grandes superfícies poderá não ser suficiente e considerou que os grandes beneficiários desta decisão poderão ser as vendas online.

França anunciou um novo confinamento na passada sexta-feira, que previa o encerramento de todos os serviços não essenciais, incluindo livrarias, restauarantes, entre outros, devido ao aumento de casos do novo coronavírus — O país atingiu os 45.570 casos no passado domingo e 231 mortes.