Em três meses – julho, agosto e setembro – a população desempregada em Portugal aumentou 45,1% face ao trimestre anterior. Os números divulgados esta quarta-feira mostram que quase 126 mil pessoas perderam o emprego ou passaram a integrar os critérios de desemprego do INE no terceiro trimestre do ano.

De acordo com a entidade, este aumento “corresponde à taxa de variação trimestral mais elevada da série iniciada em 2011” e representa também um aumento de 24,9% (80,7 mil) relativamente ao 3.º trimestre de 2019. O INE estima agora que existam 404 mil desempregados no país (contra os 278 mil do trimestre anterior).

A população empregada também cresceu – em cerca de 66 mil pessoas – do segundo para o terceiro trimestre, mas de forma insuficiente a travar o aumento da taxa de desemprego.

A taxa de desemprego é agora de 7,8%, indicam as estimativas, um valor superior em 2,2 pontos percentuais ao do trimestre anterior e em 1,7 pontos percentuais ao terceiro trimestre de 2019.

A análise do INE indica ainda que do segundo para o terceiro trimestre “75,6 mil pessoas transitaram do emprego para o desemprego e 156,5 mil transitaram do emprego para a inatividade”. Ou seja, o total de pessoas que deixaram de estar empregadas, no espaço de um trimestre, foi de 232,1 mil.

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Em sentido contrário, “as entradas no emprego provenientes do desemprego foram estimadas em 80,6 mil pessoas e as provenientes da inatividade em 220,2 mil”. Assim, o total de pessoas que transitaram para o emprego, neste trimestre, foi 300,8 mil.

Em consequência, entre os dois trimestres verificou-se um fluxo líquido positivo do emprego (total de entradas menos total de saídas) de 68,7 mil pessoas”, diz o INE.

O INE ressalvou na nota divulgada esta quarta-feira que os resultados do inquérito ao emprego têm vindo a ser afetados pelos efeitos da pandemia e as medidas tomadas pelo Governo para combater a propagação de Covid-19, nomeadamente as que restringem a capacidade dos cidadãos de procurar ativamente trabalho.

E reafirma as definições de “desempregado” e “empregado” que constam das regras da Organização Internacional do Trabalho e aceites por todos os Estados-membros da UE.

Assim, um desempregado é um indivíduo com idade dos 15 aos 74 anos que, no período de referência, se encontrava simultaneamente nas seguintes situações:

 não tinha trabalho remunerado nem qualquer outro;

 tinha procurado ativamente um trabalho, remunerado ou não, ao longo de um período específico (no período de referência ou nas três semanas anteriores);

estava disponível para trabalhar num trabalho, remunerado ou não.

Já um empregado é um indivíduo com idade mínima de 15 anos que, no período de referência, se encontrava numa das seguintes situações:

tinha efetuado um trabalho de pelo menos uma hora, mediante o pagamento de uma remuneração ou com vista a um benefício ou ganho familiar em dinheiro ou em géneros;

tinha uma ligação formal a um emprego, mas não estava ao serviço(a);

tinha uma empresa, mas não estava temporariamente a trabalhar por uma razão específica;

estava em situação de pré-reforma, mas a trabalhar.