Os testes de antigénio para deteção do novo coronavírus, que Portugal começará a usar na próxima semana, são uma das modalidades de testes de diagnóstico rápido para a Covid-19 possíveis, mas não isenta de riscos, segundo a Nature.
Um artigo assinado na quinta-feira pela publicação científica Nature Biotechnology elenca as ofertas de testes rápidos à Covid-19 possíveis, numa altura em que aumentam de forma exponencial as infeções, nomeadamente na Europa, incluindo Portugal.
Os testes rápidos, ao contrário dos laboratoriais, podem dar resultados “numa questão de minutos” e são mais fáceis de usar, o que é essencial nesta fase da pandemia, segundo o artigo, que cita Michael Mina, professor de epidemiologia na Escola de Saúde Pública Harvard TH Chan, nos Estados Unidos.
De acordo com o docente, para que a contenção da Covid-19 seja eficaz, as pessoas infecciosas (mesmo as assintomáticas) devem ser identificadas e isoladas o mais depressa possível. Tal, a seu ver, só será conseguido com testes rápidos e baratos à escala populacional, como os de antigénios.
Os testes de antigénio para diagnosticar a Covid-19 permitem detetar as proteínas do coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença respiratória. Comparativamente com os testes de diagnóstico PCR, que têm sido vulgarmente utilizados em laboratório para detetar material genético do vírus, os testes de antigénio têm uma sensibilidade inferior, podendo gerar, segundo o artigo da Nature, mais “falsos positivos”.
No reverso, os testes de PCR, apesar de “altamente precisos”, têm de ser realizados em laboratórios e requerem pessoal e equipamento especializado, tornando o diagnóstico de casos e o rastreamento de contactos mais complicado, assinala a publicação científica.
Os testes rápidos à Covid-19 baseados na técnica de edição genética CRISPR são mencionados como uma opção igualmente promissora, embora sejam uma tecnologia emergente, uma vez que permitem detetar o novo coronavírus de forma “menos complicada” do que os testes de PCR, sendo “altamente sensíveis e específicos” e, portanto, confiáveis.
Já os testes rápidos de anticorpos (anticorpos específicos para o coronavírus da Covid-19) têm “pouco valor” na deteção de infeções ativas devido ao intervalo de tempo que decorre entre o início da infeção e a produção de anticorpos, sustenta a Nature Biotechnology, acrescentando que alguns dos testes rápidos “serão adequados” para uso em casa, desde que os reguladores do medicamento e dispositivos médicos autorizem a sua venda livre.
Segundo o mesmo artigo, os reguladores “têm sido historicamente lentos” em aprovar tais testes, alegando “falta de orientação clínica” que ajude as pessoas a interpretarem corretamente os resultados.
A empresa farmacêutica alemã Pharmact começou a pressionar reguladores e legisladores, antes de concluir a validação clínica, para que o teste de antigénio BELMONITOR-COV-2 possa ser usado em casa, salienta a revista.
Na quinta-feira, no parlamento, a ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou que a utilização dos testes rápidos de antigénio para diagnóstico do novo coronavírus vai arrancar na próxima semana junto das Administrações Regionais de Saúde, “nos casos com indicação para tal”.
Marta Temido assegurou que os testes de antigénio que serão usados “têm fiabilidade e especificidade adequadas”, permitindo “aprofundar o caminho de testar, rastrear e isolar o mais precocemente possível”.
A pandemia da Covid-19 já provocou mais de 1,2 milhões de mortos em mais de 48,7 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência noticiosa francesa AFP. Em Portugal, morreram 2.792 pessoas dos 166.900 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.