O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil foi este domingo alvo de um tentativa de ataque informático, escreve o Estadão. A Polícia Federal, que está a investigar a alegada intrusão mal sucedida, já conseguiu identificar os autores do ataque: são portugueses e fazem parte de um grupo intitulado Cyberteam, que foi investigado pela Polícia Judiciária (PJ) portuguesa na sequência de um ataque à EDP levado a cabo por esse grupo em abril deste ano.
Na verdade, o próprio grupo reivindicou o ataque na sua página do Facebook. “Informamos que a instabilidade nas plataformas TSE/TRE é causada pelo nosso tráfego, diretamente dos bancos de dados”, lia-se na publicação. O objetivo do ataque era deitar abaixo o sistema do Tribunal Superior Eleitoral, através de vários acessos, no dia em que decorrem eleições municipais no Brasil, escreve o Estadão. Mas o presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso, garantiu em conferência de imprensa que o ataque foi neutralizado e não afetou nem o sistema de contagem de votos, nem o sistemas de urnas eletrónicas.
Na publicação, o grupo disponibilizava dois links para fazer o download de vários documentos supostamente retirados do sistema informático do tribunal. No entanto, os ficheiros disponibilizados são dados antigos ou informações públicas disponíveis no site, que nem sequer tinham qualquer ligação com as eleições municipais, adianta o Estadão. O presidente Luís Roberto Barroso detalhou na conferência de imprensa que um dos emails que surgem entre os conteúdos divulgados tem o domínio “.gov”, quando o TSE usa há bastante tempo o domínio “.tse.br”. Mais: entre os documentos revelados constam nomes de funcionários antigos.
Um dos membros do Cyberteam, contactos pelo Estadão, apresentou-se como Zambrius e confirmou ser o suspeito que foi um dos dois detidos em Portugal em abril deste ano por suspeitas de serem os autores do ataque informático à EDP e, dias mais tarde, à Altice. Em conversa com o jornal brasileiro, Zambrius confessou que os documentos divulgados não eram de facto resultado do ataque levado a cabo este domingo, mas sim de um “ataque antigo”. Ainda assim, confirmou que a intrusão mais recente “é de hoje” e serviu para “reunir dados de um utilizador”.
Na altura das detenções em Portugal, o Ministério Público confirmou, em comunicado, existirem “fortes indícios que o grupo CyberTeam realizou ataques informáticos, designadamente, os ocorridos no passado dia 25 de abril” “Entre as entidades alvo dos ataques encontram-se o Ministério da Saúde, a PNL – Computação Cientifica Nacional, a Universidade Nova de Lisboa, o Ministério da Cultura e diversos museus“, lia-se ainda na nota. Na sequência deste ataque, Zambrius ficou em prisão preventiva.