O manual “Viver em Tempo de Covid-19”, criado pela Ordem dos Médicos, tem como objetivo “combater a desinformação” e os movimentos negacionistas relativamente à pandemia da Covid-19 e fazer chegar informação a toda a população de uma forma transversal.

Em entrevista à Rádio Observador, Carla Araújo, internista no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures e autora do documento, considera que a comunicação que tem sido feita pelo Governo e por entidades ligada à área da Saúde não tem sido eficaz e refere que o manual pretende dar conselhos práticos, com uma “informação clara, eficaz, precisa e baseada em informação científica acreditada”.

“Viver em tempo de covid-19”. Manual online tem “informação clara, eficaz e certificada”

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“Sabendo nós que 90% dos casos de Covid positivo se resolvem no domicílio, é muito importante que a população saiba o que fazer em casa“, afirma a médica, acrescentando que não basta dizer às pessoas que precisam de ficar em isolamento, é preciso explicar como é que isso se faz.

Tem de se indicar às pessoas como organizar os circuitos na sua própria casa, que cuidados a ter com a desinfeção das superfícies, como lavar a roupa da pessoa que está doente, como monitorizar os sintomas e se agravarem o que fazer, quem são os grupos de risco”, explica Carla Araújo. “Ter um caso positivo numa família vai desestruturar temporariamente toda a logística daquela família.”

A médica, que também faz parte do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos, falou ainda na pressão que se vive diariamente nos hospitais, em particular no Beatriz Ângelo, que está sem camas de enfermaria para os doentes Covid-19, e critica a falta de articulação em rede entre hospitais.

“Temos tido pontualmente apoio do Hospital das Forças Armadas, que está a fazer este trabalho em rede com a Área Metropolitana de Lisboa e Vale do Tejo, que é muito insuficiente. Os hospitais criticam e o Gabinete de Crise tem feito muito esse apontamento: falta articulação em rede nos hospitais, no SNS e não só. Nesta fase em que estamos todos a trabalhar sob muita pressão, a resposta em rede ainda é muito limitada e muito dificultada. Diariamente temos de fazer uma série de contactos para saber que hospitais têm vaga ou não.”