O objetivo era vacinar todas as pessoas de grupo de risco, mas as autoridades de saúde não têm como fazer essa avaliação diariamente ou sequer mensalmente. As respostas sobre a vacinação de grupos de risco à gripe comum serão dadas em ano de pandemia tal como todos os outros anos: através do Vacinómetro. O Vacinómetro é uma ferramenta criada em 2009 pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) e pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) que “permite monitorizar em tempo real, a taxa de cobertura da vacinação contra a gripe em grupos prioritários recomendados pela Direção-Geral da Saúde“. As respostas, contudo, só chegam à DGS através dos relatórios, segundo explicou Graça Freitas esta segunda-feira.
Através da realização de inquéritos é feita uma “estimativa das pessoas de grupo de risco que estão vacinadas” contra a gripe comum. Até ao momento foram vacinados 1,5 milhões de portugueses, um valor que, segundo os dados disponíveis está ainda abaixo do número de portugueses vacinados na época gripal anterior. Em 2019/2020 foram vacinados mais de 1,5 milhões de portugueses com mais de 65 anos e cerca de 280 mil com idade entre os 60 e os 64 anos. Do total de pessoas vacinadas na época gripal anterior, 72% eram “indivíduos portadores de doença crónica”.
Já no que diz respeito à população que vive em lares de idosos, Graça Freitas anunciou que a DGS já tinha dado aprovação à estratégia para o “rastreamento sequencial da população que vive em residências de idosos”. Assim, deverão ser usados testes rápidos para conseguir testar todos os idosos em lares em todo o país.
“A disseminação destes testes [rápidos] pode ajudar-nos muito a utilizar medidas quer seja no contexto de surtos, quer noutros, como rastreios de populações específicas ou localidades”, disse Graça Freitas acrescentando que a prioridade é para os “residentes em lares”.
“A Segurança Social tem também um programa de testagem dirigido aos profissionais desses lares. A Saúde e a Segurança Social vão unir esforços para que esta população tão vulnerável seja rastreada de forma sequencial para ajudar a identificar mais precocemente casos”, acrescentou.
DGS analisa plano para congresso do PCP e máscaras dentro das prisões
Graça Freitas afirmou esta segunda-feira que o plano do PCP para a realização do Congresso que começa na sexta-feira chegou à DGS através da autoridade de saúde da Região de Lisboa e Vale do Tejo e que “está neste momento em análise”.
Recorde-se que o XXI Congresso do PCP deverá realizar-se sexta-feira, sábado e domingo e reunirá no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures, cerca de um milhar de pessoas (entre delegados, membros do partido ou jornalistas).
“Deve aplicar-se a estes contextos [prisões] as mesmas regras que se aplicam noutros. Ou seja, em ambiente fechado deve usar-se máscara — exceto na bolha — e sempre que em ambiente aberto e não houver distanciamento social também”, disse Graça Freitas sobre a norma que está a ser trabalhada em articulação com a Direção-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, admitindo que pode haver “adaptações ao contexto”.
Medidas para o Natal estão a ser pensadas, mas dependem da evolução até lá
Graça Freitas diz que o Natal está a ser pensado, mas que é prematuro apontar medidas sem ver o efeito das medidas tomadas mais recentemente.
“Temos que ver o impacto das medidas antes de decidir o Natal. A epidemia está a crescer, mas temos que ter em atenção que o nível de crescimento já foi mais acentuado. Acompanhamos as medidas previstas para o Natal, esperamos que seja possível abrandar de alguma forma as medidas que temos agora, sem que isso signifique qualquer tipo de relaxamento”, disse a Diretora-geral da Saúde.
508 surtos em Portugal continental: 182 em lares de idosos, 94 nas escolas, 37 em estabelecimentos de saúde
Admitindo, ainda assim, que pode haver neste momento uma “subnotificação” no número de surtos, Graça Freitas confirmou a existência de pelo menos 508 surtos ativos em Portugal Continental.
Destes, 182 são em lares de idosos (dois em unidades de cuidados continuados), 94 em estabelecimentos de ensino e 37 em instituições de saúde.
Nas escolas os 94 surtos envolvem “814 casos confirmados”, nas instituições de saúde os 37 surtos afetam um total de 397 profissionais e nos estabelecimentos prisionais há ainda 435 pessoas com teste positivo à Covid-19.