O líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, pediu ao Governo “humanidade, humildade e o respeito pelos milhares de portugueses que estão num beco sem saída”, referindo-se aos empresários em greve de fome frente à Assembleia da República. Francisco Rodrigues dos Santos foi ao início da tarde de terça-feira falar com o grupo de nove empresários da restauração e discotecas que cumpre o quinto dia de greve de fome frente à escadaria da Assembleia da República, onde se encontravam dezenas de pessoas em apoio aos empresários.

Ljubomir Stanisic, um dos rostos do Movimento a Pão e Água começou por agradecer a presença de Francisco Rodrigues dos Santos, frisando tratar-se “do primeiro deputado” que foi até ao grupo que se encontra “acampado”, mas fez questão de afirmar que “o grupo é apartidário” pedindo ao líder do CDS-PP que não falasse “lá dentro de questões políticas”.

Stanisic pediu ajuda ao líder do CDS-PP para ajudar o grupo a obter “uma reunião simples”, lembrando que o movimento “não quer incendiar a Assembleia da República” e que “travou todos os manifestos violentos para ter uma reunião digna não uma representada por associações” já que, sublinhou nenhum dos pertencentes ao grupo em greve de fome se sente representado. Francisco Rodrigues dos Santos recusou que a sua presença se deva “a motivos políticos”, lembrando que, acima de tudo, enquanto cidadão “não podia ignorar” o que se estava a passar e que teve o cuidado de saber primeiro se a sua presença iria ser “bem vinda e bem recebida”.

“Senti-me impelido em dialogar com as pessoas em greve de fome e dizer que esta é já a atitude em desespero de causa, o último grito para serem ouvidas pelo Governo”, começou por dizer aos jornalistas, referindo não ser “insensível aos anseios e preocupações” destas pessoas que estão a viver “verdadeiros dramas humanos”. Francisco Rodrigues dos Santos lembrou que quem está hoje em greve de fome são “empresários que foram impedidos de trabalhar e que tiveram de fechar portas, com contas para pagar e famílias para sustentar”.

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“Perderam o horizonte de esperança, sem qualquer auxilio por parte do Estado, por isso recomendo ao Governo que tenha a humanidade, humildade e o respeito por milhares de portugueses que estão num beco sem saída numa situação verdadeiramente labiríntica que aguardam com muita impaciência que o Governo os possa ajudar”, disse. Francisco Rodrigues dos Santos aponta como soluções para estes empresários linhas de credito a fundo perdido ou baixa do IRS, dando como exemplo aquilo que o Governo alemão está a fazer.

“Todos os cêntimos que não queremos gastar em apoiar estes empresários agora vamos ter mais à frente de abrir os cordões à bolsa com prestações sociais como o subsidio de desemprego”, alertou. Ljubomir Stanisic voltou a referir compreender a necessidade de se aplicarem medidas restritivas para conter os contágios e a saúde publica, mas apela a compensações por parte do Governo e que os representantes do grupo sejam recebidos pelo ministro da Economia.

O grupo, composto por oito homens e uma mulher, teve este final da manhã o apoio de dezenas de pessoas que vão passando junto à Assembleia, e se sentam na escadaria de São Bento, hoje com a atuação de DJ para dar animo aos grupo que se encontram em greve de fome há já cinco dias.

Enquanto Francisco Rodrigues dos Santos falava já fora da tenda aos jornalistas, Ljubomir Stanisic agradeceu, através de megafone, uma vez que já é visível o cansaço acumulado, às pessoas que se encontram junto ao “acampamento”. O grupo continua acampado, numas instalações improvisadas com tendas e aquecedores, em greve de fome até que o Governo os receba para encontrarem soluções para os seus negócios, que dizem estar a ir à ruína.

O Governo anunciou, na semana passada, as medidas de contenção da pandemia da covid-19 para o novo período de estado de emergência: nas vésperas dos feriados, o comércio encerra a partir das 15:00 em 127 concelhos do continente classificados como de risco “extremamente elevado” e “muito elevado” e mantêm-se os horários de encerramento do comércio às 22:00 e dos restaurantes e equipamentos culturais às 22:30 nestes concelhos e em mais outros 86 considerados de “risco elevado”.

No dia 14 deste mês, o ministro da Economia disse que o apoio excecional aos restaurantes dos concelhos abrangidos pelo estado de emergência para os compensar pela receita perdida nestes dois fins de semana acenderá a 25 milhões de euros e será pago em dezembro.

Os dados avançados pelo ministro indicam que dos 750 milhões de euros contemplados no programa Apoiar.pt – apoio a fundo perdido destinado a micro e pequenas empresas dos setores mais afetados pela crise com quebras de faturação superiores a 25% -, 200 milhões de euros serão absorvidos pelo setor da restauração.

Para quarta-feira e, segundo a Confederação do Turismo de Portugal (CTP), está agendada uma reunião urgente com Pedro Siza Vieira e Rita Marques, Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital e Secretária de Estado do Turismo, respetivamente, para avaliar e discutir as medidas que o Governo lançou e prevê lançar para apoiar o Turismo na sequência da crise da pandemia. De acordo com a CTP a reunião irá contar também com a presença de associações empresariais da atividade turística.