O Ministério da Economia do Brasil avaliou esta quinta-feira que a economia do país, que registou crescimento de 7,7% no terceiro trimestre do ano, deve recuperar da crise provocada pela Covid-19 sem a necessidade de auxílios governamentais em 2021.
A forte recuperação da atividade, do emprego formal e do crédito, aliadas ao aumento da taxa de poupança, pavimentam o caminho para que a economia brasileira continue avançando no primeiro semestre de 2021 sem a necessidade de auxílios governamentais”, disse uma nota informativa da Secretaria de Política Económica.
Segundo dados divulgados esta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira cresceu 7,7% no terceiro trimestre do ano, a maior subida registada no período, mas ainda insuficiente para reverter a queda recorde de 9,6% que o Produto Interno Bruto (PIB) do país sofreu entre abril e junho devido à pandemia de Covid-19.
O PIB brasileiro acumula contração de 5% nos primeiros nove meses do ano face ao mesmo período de 2019 e de 3,4% nos últimos 12 meses até setembro em relação ao período de outubro de 2018 a setembro de 2019.
A recuperação no terceiro trimestre, fruto do restabelecimento das atividades paralisadas pelas medidas de contenção do novo coronavírus, permitiu ao Brasil sair do estado de recessão técnica em que caiu em julho, quando completou dois trimestres consecutivos de crescimento negativo.
Para o governo, os dados permitem antever que essa tendência se manterá nos próximos meses e que o Brasil vai superar a retração provocada pela pandemia.
O resultado do PIB no terceiro trimestre de 2020 apresenta forte recuperação da economia brasileira, confirmando a retomada em ‘V’ da atividade. Os indicadores coincidentes sugerem manutenção da tendência de crescimento do PIB para os últimos meses deste ano, confirmando a expectativa de crescimento elevado no segundo semestre de 2020″, referiu o governo brasileiro.
A previsão do governo e dos analistas de mercado é de que o Brasil encerre 2020 com uma retração económica de 4,5% e comece a recuperar em 2021, com crescimento de 3%.
Para o Ministério da Economia, que tem manifestado preocupação com o histórico défice nas contas públicas causado pela pandemia, a economia já entrou na trajetória de recuperação em que poderá continuar nos próximos meses sem a necessidade de o Governo continuar distribuindo ajuda.
O Brasil deverá suspender em janeiro os subsídios que distribui para pessoas com recursos limitados, desempregados e trabalhadores autónomos, para ajudá-los a amenizar os efeitos da pandemia. Alguns economistas, no entanto, alertam que o consumo das famílias, principal motor económico de um país de 211 milhões de habitantes, pode sofrer forte queda em 2021 se o Governo suspender essas ajudas mensais.
É importante frisar que a retomada da atividade e do emprego, que ocorreu nos últimos meses, compensará a redução dos auxílios. Outro fator positivo será a melhora das condições financeiras que continuarão impulsionando a atividade, principalmente com a retomada da agenda de reformas”, defendeu o governo brasileiro.
A nota concluiu que “o escudo de políticas sociais criado para amenizar o sofrimento económico e social causados pela pandemia deve ser desarmado, dando espaço para a agenda de reformas estruturais e consolidação fiscal — único meio para que a recuperação se mantenha pujante”.