O Supremo Tribunal do estado norte-americano do Wisconsin recusou esta quinta-feira deliberar sobre um processo movido pela campanha de Donald Trump para impugnar os resultados eleitorais naquele estado, um dos territórios que contribuíram para a vitória de Joe Biden na eleição presidencial norte-americana, que decorreu no mês passado.

Segundo os resultados preliminares da eleição, que só será formalmente decidida com a reunião do Colégio Eleitoral em 14 de dezembro, Joe Biden venceu o Wisconsin recolhendo 49,45% dos votos, contra 48,33% para Trump, com uma margem de 20 mil votos. A vitória no Wisconsin — que em 2016 havia votado em Trump — foi um dos fatores decisivos na eleição de Joe Biden, pelo que é um dos terrenos-chave onde Trump está a procurar impugnar, na justiça, os resultados de uma eleição que o Presidente diz ter sido fraudulenta (ainda que não apresente provas nesse sentido).

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Os esforços de Trump têm, porém, saído frustrados na maioria dos casos. Entre as várias dezenas de processos movidos pela campanha de Trump e pelo Partido Republicano, até agora só um foi ganho pelo Presidente — e dizia respeito a um número muito pequeno de votos —, de acordo com uma contabilização dos processos judiciais que tem sido mantida e atualizada pelo Financial Times.

Agora, a decisão do Supremo Tribunal do estado do Wisconsin junta-se à lista de derrotas de Trump. Segundo o The Washington Post, a campanha de Donald Trump argumenta que os funcionários eleitorais interpretaram erradamente as regras de aceitação de boletins de voto, quer antecipados, quer presenciais, e exige que cerca de 220 mil boletins — curiosamente, apenas os que dizem respeito aos dois condados do Wisconsin onde houve mais votos no candidato democrata — sejam desconsiderados.

Donald Trump considera que houve milhares de votos por correspondência que careceram de um requerimento por escrito que tivesse sido arquivado e argumentou que o registo eletrónico criado quando um eleitor solicita o voto por correio não está no espírito da lei.

O candidato republicano também contestou outros boletins de voto em que os funcionários eleitorais preencheram informações de endereço que estavam ausentes no envelope de certificação onde o voto era inserido, embora essa tenha sido uma prática corrente há muitos anos no Wisconsin.

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Finalmente, Trump contestou os boletins de voto por correspondência em que os eleitores se declaravam “indefinidamente confinados”, por causa da pandemia de Covid-19, para justificar este género de procedimento, o que os isentava de terem de apresentar documento com foto comprovativa.

A lei estadual prevê que, depois de uma recontagem (que foi feita e confirmou a vitória de Biden), o candidato derrotado possa apresentar um processo em tribunal, mas na primeira instância. Contudo, a campanha de Donald Trump argumenta que, devido à urgência da situação, o caso devia ser deliberado diretamente pelo Supremo Tribunal — mas o organismo declinou. Trump tem até segunda-feira para apresentar, agora, o processo na primeira instância.

A nível nacional, Joe Biden obteve 51,3% ds votos, contra 46,9% para Donald Trump. Isto traduz-se numa maioria de 306 contra 232 no Colégio Eleitoral, organismo que decide formalmente quem é o próximo Presidente dos EUA — e que se vai reunir no dia 14 de dezembro. A diferença de votos entre Biden e Trump é de mais de 6 milhões.