As autoridades da Arménia e do Azerbaijão trocaram este sábado acusações de quebra do acordo de paz que tinha posto fim a seis semanas de lutas em Nagorno-Karabakh, enquanto o líder azeri ameaçou esmagar as forças arménias com “um punho de ferro”.

Os novos confrontos dos dois países, numa violação do cessar-fogo negociado no final de novembro sob a égide da Rússia, voltam à disputa de Nagorno-Karabakh e territórios em redor, que foram detidos pela Arménia durante mais de um quarto de século.

As autoridades separatistas arménias em Nagorno-Karabakh denunciaram também um ataque das forças do Azerbaijão ocorrido na sexta-feira à noite que provocou ferimentos em três dos seus combatentes, segundo o ministério da defesa do território.

As hostilidades no conflito de Nagorno-Karabakh cessaram no final de novembro, após semanas de nova escalada da violência e de mortes dos dois lados da contenda.

Paralelamente, uma força de paz russa com cerca de 2.000 soldados foi enviada para a região para assegurar o cumprimento do cessar-fogo.

Por seu turno, a Turquia chamou o embaixador iraniano a Ancara para criticar a “agressiva” reação iraniana face à recitação de um poema pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, numa visita ao Azerbaijão, em Baku, no qual havia alusões à destruição de uma antiga fronteira pela força.

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Hoje, o diretor da comunicação governamental da Turquia, Fahrettin Altun, disse que os iranianos distorceram o significado do poema “para alimentar tensões sem sentido”.

Erdogan visitou Baku, e esteve presente numa parada militar para celebrar o recente cessar-fogo acordado que permitiu ao Azerbaijão reclamar o controlo de partes de Nagorno-Karabakh.

Durante uma visita ao Azerbaijão, Erdogan, cujo país apoiou abertamente o Azerbaijão e sob o qual houve suspeitas de ajuda material no conflito, defendeu também que a “luta” contra a Arménia ainda não terminou.

“A luta nas esferas política e militar vai agora continuar em muitas outras frentes”, disse Erdogan, num discurso à margem da parada militar em Baku.

Por seu turno, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, reagiu hoje, acusando a Arménia pelos novos confrontos e ameaçou esmagá-los “com um punho de ferro”.

“A Arménia não deve recomeçar tudo de novo”, disse, durante um encontro com diplomatas dos Estados Unidos da América e da França que estão a tentar mediar o conflito com décadas.

“Não devem planear nenhuma ação militar. Desta vez vamos destruí-los, não será um segredo para ninguém”, advertiu.

Esta região montanhosa do Cáucaso, hoje habitada quase exclusivamente por arménios (cristãos ortodoxos), declarou independência do Azerbaijão muçulmano após uma guerra no início da década de 1990 que provocou cerca de 30.000 mortos, e centenas de milhares de refugiados.

Na sequência dessa guerra, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk (Rússia, França e EUA), constituído no seio da OSCE, mas as escaramuças armadas continuaram frequentes.