É bom que existam veículos eléctricos potentes e rápidos, como o Tesla Model S e o Porsche Taycan, mas por muito que estas potentes berlinas façam maravilhas à imagem dos veículos alimentados exclusivamente a bateria, tornando-os apetecíveis para muitos que até aqui só ponderavam adquirir modelos com motor de combustão, a realidade é que dificilmente poderão aliciar quantidades massivas de clientes. E tudo isto porque o modelo americano pratica preços que oscilam entre 83 e 103 mil euros, para o seu rival alemão elevar a fasquia para 110 a 193 mil euros.

Para que os eléctricos sejam democratizados, é necessário que sejam propostos por preços substancialmente mais baixos e próximos dos modelos com motores a combustão mais populares entre os portugueses, mercado que é liderado há anos pelo Renault Clio. Se as propostas mais acessíveis se posicionam ligeiramente acima dos 30.000€, é bom que finalmente apareçam veículos por cerca de 20.000€, uma redução mais que considerável, apesar de ser conseguida à custa de alternativas com capacidades de bateria e autonomias menos generosas. Ainda assim, à altura de satisfazer uma camada importante de condutores, aqueles que se deslocam sistematicamente em meio urbano ou semiurbano.

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Finalmente, várias propostas por cerca de 20.000€

Até agora, a defesa dos eléctricos por cerca de 20.000€ era um exclusivo dos dois Smart EQ, o Fortwo por 22.800€ e o Forfour por 23.700€. Mas a sua reduzida autonomia, de 130 km para o quatro portas e de 135 km para o de duas, sempre limitou o seu uso a condutores exclusivamente urbanos. Mas o mercado evoluiu e, em breve, vão surgir mais dois veículos – provavelmente três – capazes de se inserirem neste segmento. E, como a concorrência é uma “coisa” muito bonita, é mais que provável que todos os modelos usufruam de algum “esforço” para atrair clientes.

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As novidades no campo dos eléctricos por cerca de 20.000€ vêm da Fiat e da Renault, o primeiro pela mão da versão mais acessível do 500e, a Action, que se distingue dos 500e Passion e Icon, as mais bem equipadas, por montar uma bateria com 23,8 kWh (21,3 kWh úteis), em vez dos 42 kWh das restantes versões, o que lhe assegura uma autonomia de 180 km em WLTP. Igualmente novo é o Renault Twingo Electric, veículo que partilha a plataforma e motores com o Smart Forfour (que é fabricado pela Renault). O Twingo a bateria surge mais tarde do que o seu “irmão” alemão, uma vez que o construtor francês não achava interessante colocar um eléctrico no mercado com uma autonomia tão acanhada, o que lhe permitiu recorrer a novas células com maior densidade energética, incrementando a capacidade dos 17,6 kWh dos Smart para 22 kWh (21,4 kWh úteis, exactamente a mesma da primeira geração do Zoe). Isto eleva distância que consegue percorrer entre recargas para 190 km, calculada segundo o método europeu WLTP.

O Fiat 500e já está disponível entre nós e o Twingo também já se pode encomendar, para entregas no início de Janeiro, mas há um terceiro modelo deste segmento cuja chegada ao nosso mercado ainda não está confirmada. Referimo-nos ao Seat Mii Electric, veículo que o Observador já conduziu em Novembro de 2019, numa fase em que a sua chegada ao nosso mercado estava prevista para breve. A produção do Mii a bateria foi depois suspensa e agora parece poder ser retomada, sem que a Seat Portugal tenha ainda a garantia que é desta que o pequeno eléctrico vai ser comercializado entre nós. Com um preço convidativo e a sua bateria de 36,8 kWh (32,3 úteis), o Mii Electric anuncia 270 km de autonomia em WLTP, um valor entusiasmante para um veículo que rondaria os 20.000€.

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Pequenos e ágeis, mas com espaço para quatro

Os três novos eléctricos acessíveis parecem destinados à cidade, com as suas dimensões compactas, que em pouco ultrapassam os 3,5 metros, a facilitarem o serpentear através do trânsito, ou encontrar um lugar onde estacionar. O maior é o 500e, com 3,632 m, à frente do Twingo (3,615 m) e do Mii (3,556 m), mas estes dois exibem a maior distância entre eixos, o que deixa antever mais espaço para quem se senta atrás, com o Renault a ser o maior neste domínio. A liderança na capacidade da mala pertence ao Seat, com o Fiat e o rival francês a fazerem jogo igual, com 185 litros para o primeiro e 188 para o segundo.

No capítulo da mecânica, o mais ágil e dinâmico é o Fiat com 95 cv, o melhor valor dos três modelos, apesar de esta versão do 500e ficar aquém dos 118 cv de que usufruem as mais equipadas e com maior bateria. Está limitado a 135 km/h, como o Twingo, com o Mii a ficar-se pelos 130 km/h, para o modelo italiano chegar aos 100 km/h em 9,5 segundos, melhor do que o Seat (12,3 s) e o Renault (12,9 s).

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20.000€ para particulares e menos para empresas

Com o Fiat 500e Action a ser proposto por 23.800€ e o Renault Twingo Electric por 22.200€ (anunciaremos o preço do Mii Electric assim que se confirmar a sua chegada ao nosso mercado), estes eléctricos rondam os 20.000€ caso se incluam os 3.000€ de incentivos do Estado à aquisição deste tipo de veículos por particulares, à semelhança do que também acontece com o Smart.

Caso se destinem a empresas, a possibilidade de recuperar o IVA somada aos incentivos coloca o custo de um destes modelos próximo dos 16 mil euros, valor não difere muito do praticado pelos concorrentes de bitola similar e motor de combustão. É certo que a autonomia é inferior à das versões com motor a combustão e, para muitos, a possibilidade de recarregar a bateria pode ser um problema. Mas para os restantes, as vantagens em termos de custos de utilização, especialmente para as empresas, podem ser determinantes.