Nem “Covid-19”, nem “pandemia”, nem “confinamento”, nem qualquer outra mais diretamente relacionada com o novo coronavírus que paralisou boa parte do mundo em 2020. Para os portugueses, a palavra do ano que terminou há dias, escolhida por 40 mil internautas em votação levada a cabo pelo grupo Porto Editora, foi “saudade”.

A palavra “saudade”, que pode traduzir o impacto da pandemia nas relações sociais e familiares em 2020, foi a mais escolhida pelos internautas de uma lista de dez a concurso, recolhendo 26,8% dos votos.

Seguiu-se de perto “Covid-19”, a segunda mais votada (por 24,4% dos utilizadores), e em terceiro lugar “pandemia”, que obteve 17,03% dos votos. A votação foi renhida, o que fez com que a quarta palavra mais votada, “confinamento”, conquistasse mais de 16 em cada 100 votos (16,23%). A ordem da votação de 2020 foi a seguinte:

  1. saudade – 26,8%;
  2. Covid-19 – 24,4%
  3. pandemia – 17,03%
  4. confinamento – 16,23%
  5. zaragatoa – 7%
  6. telescola – 2,58%
  7. discriminação – 1,85%
  8. infodemia – 1,59%
  9. digitalização – 1,33%
  10. sem-abrigo – 1,16%

A iniciativa de eleição da palavra do ano é promovida pelo grupo Porto Editora há 11 anos, desde 2009. Esta foi a 12ª edição da votação.

A pré-seleção de palavras a concurso — dez — resultou de “uma lista de palavras construída com base nas sugestões que os portugueses fizeram através do site www.palavradoano.pt, nas pesquisas efetuadas no Dicionário da Língua Portuguesa em www.infopedia.pt e no trabalho permanente de observação e acompanhamento da realidade da língua portuguesa, levado a cabo pela Porto Editora”, refere o grupo em comunicado.

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A palavra do ano de 2020, “saudade”, sucede às anteriores vencedoras: “violência [doméstica]” em 2019, “enfermeiro” em 2018, “incêndios” em 2017, “geringonça” em 2016, “refugiado” em 2015, “corrupção” em 2014, “bombeiro” em 2013, “entroikado” em 2012, “austeridade” em 2011, “vuvuzela” em 2010 e “esmiuçar” em 2009.

Angolanos escolhem “pandemia”, moçambicanos “refugiados”

A votação da palavra do ano promovida pelo grupo Porto Editora foi levada a cabo também em Angola e Moçambique, onde foram eleitos outros termos como definidores de 2020.

Em Angola, a escolha da palavra do ano de 2020 — feita no site www.palavradoano.co.ao, entre 1 e 31 de dezembro — recaiu em “pandemia”. O termo recolheu mais de 40% dos votos (41,9%), ficando à frente de outras possíveis escolhas como “educação” (16,5%) e “coranavírus” (14,7%).

Já em Moçambique, país que viveu em 2020 uma crise humanitária devido a ataques armados, a palavra do ano escolhida foi “refugiados”. A eleição também foi consensual: o termo vencedor obteve 50,56% dos votos, bem mais do que as palavras “coronavírus” (11,99%) e “ataques” (8,99%). A eleição aconteceu igualmente online, através do site www.palavradoano.co.mz.