O confinamento geral de março pode voltar na próxima semana se os números de novos casos continuarem ao nível dos dois últimos dias. Os mais de dez mil casos (que se mantiveram quase iguais no dia seguinte) desta quarta-feira fizeram o Governo puxar o travão de mão e repensar a estratégia e combate à pandemia. António Costa não admite arrependimentos face à abertura do Natal e diz que tudo foi feito “com amplo consenso”, mas o resultado pode ter sido este aumento expressivo, por isso na próxima semana haverá medidas mais restritivas que podem chegar até ao confinamento geral outra vez.
“Mais vale ser claro: é evidente que o que temos feito até agora é fazer incidir medidas durante o fim de semana. Dar o passo seguinte significa estender essas medidas, o confinamento mais geral, aos dias da semana“. O primeiro-ministro admitiu isto mesmo logo no início da conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros, embora tenha ressalvado que existe “um grande consenso entre técnicos e especialistas de que não se deve interromper o ano letivo”, ou seja, as aulas vão manter-se presenciais mesmo que o país feche.
Por agora, o Governo vai aplicar já a este fim de semana uma medida para todo o território continental que passa pela proibição das deslocações entre concelhos. Além disso, o recolhimento obrigatório passa a ser regra em todos os concelhos de risco moderado, ou seja, com mais de 240 casos por cem mil habitantes (inicialmente, António Costa tinha dado uma explicação diferente, mas entretanto o Governo esclarecer que é assim que se fixam as medidas).
Este tipo de medidas dependia do escalão de risco em que estava cada um dos concelhos, mas essa diferenciação é suspensa este fim de semana no caso da circulação entre concelhos. Todos os níveis (extremamente elevado, muito elevado, elevado e moderado) têm esta restrição. E o recolhimento será obrigatório a partir das 13 horas não só nos concelhos de risco extremamente elevado e muito elevado, como também nos de risco elevado .
Desta última restrição só ficam livre 25 concelhos em Portugal continental, que estão no escalão “moderado”: Alcoutim, Aljezur, Almeida, Arronches, Barrancos, Carrazeda de Ansiães, Castanheira de Pêra, Castelo de Vide, Coruche, Ferreira do Alentejo, Freixo de Espada à Cinta, Lagoa, Manteigas, Monchique, Odemira, Pampilhosa da Serra, Proença-a-Nova, Resende, Santiago do Cacém, Sardoal, Sernancelhe, Sines, Torre de Moncorvo, Vila de Rei e Vila do Bispo.
Entretanto, o Governo vai ouvir já esta sexta-feira os partidos e a concertação social sobre a eventualidade de um agravamento das medidas assim que se reunir com os especialistas, no Infarmed, na próxima terça-feira, e tiver os dados relativos ao Natal já estabilizados. Se aí se confirmar este agravamento da situação, “como os número de ontem e hoje indiciam”, o Governo já terá o trabalho de casa feito para lançar nesse mesmo dia novas medidas. E ainda antes de terminar o estado de emergência que foi renovado por sete dias (de dia 8 a 15 de janeiro).
António Costa continua a defender que se “continuar a procurar diferenciar as medidas no território nacional, mas neste momento, tendo em conta a vaga de frio e os números de ontem [quarta-feira] e hoje [quinta-feira] manda a prudência” que neste próximo fim de semana se restrinja já mais as medidas, explicou.
Sobre a realização da campanha presidencial é que não há qualquer mudança prevista, com o primeiro-ministro a repetir que a “lei do estado de emergência não permite qualquer tipo de restrição à atividade política”. E António Costa está confiante que as eleições decorrerão com toda a segurança e dá o exemplo das eleições regionais dos Açores, que tiveram lugar há poucos meses.
Já sobre ter os candidato presidenciais na reunião do Infarmed de terça-feira, o primeiro-ministro considera-a “uma boa ideia” — é de Marcelo Rebelo de Sousa — mas mesmo assim diz que as últimas já foram abertas à comunicação social e que por isso os candidatos não têm estado afastados da informação que lá é divulgada pelos especialistas.