Uma análise ao jogo, outra análise paralela ao outro jogo. À semelhança do que já tinha acontecido na antecâmara da receção do Benfica ao Tondela, Jorge Jesus voltou a deixar algumas críticas em torno da “especulação” instalada em torno dos encarnados, valorizando a exibição e o resultado da equipa que voltou a não sofrer golos num jogo a contar para a Primeira Liga e que regressou aos triunfos para manter os quatro pontos para o líder Sporting, que conseguiu sair ileso numa viagem à Madeira para defrontar o Nacional em condições complicadas.

Jesus está “cansado de não estar em primeiro”, mas Benfica deu-lhe uma bela cadeira para esperar (a crónica do Benfica-Tondela)

“Temos 13 jogos, dez vitórias, um empate e duas derrotas. A especulação em torno da nossa equipa parece que está tudo ao contrário. Se temos de fazer melhor? Temos. Se temos qualidade para fazer melhor? Temos. Agora parece que querem fazer com que os adeptos do Benfica não tenha confiança na equipa, que os jogadores se sintam pressionados e que o treinador se sinta pressionado por este jogo falado. Há o jogo jogado e há o jogo falado. Já estava destreinado deste jogo falado há uns anos, agora estou a adaptar-me novamente. Tem de ser com muita conversa e muita especulação aqui em Portugal”, frisou o técnico na flash interview da SportTV.

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“Houve três coisas boas [com o Tondela]: o jogo que fizemos, a atitude que tivemos e o facto de não nos deixarmos ir abaixo; a qualidade que a equipa teve nos principais momentos do jogo; e a vitória e o facto de não sofrermos golos. Esta equipa do Tondela é perigosa nos contra ataques, tal como provou no Dragão, onde perdeu por 4-3. A equipa esteve sempre muito focada no que tinha a fazer e as oportunidades foram acontecendo. Fomos fazendo alterações por causa da Covid-19. Isto da Covid-19 é uma novidade para todos os treinadores, hoje o Seferovic, com apenas três dias de treino, esteve muito bem. É um avançado de golo”, destacou em relação ao triunfo frente ao conjunto beirão orientado pelo antigo adjunto das águias com Quique Flores, Pako Ayestarán, entrando depois no pormenor e naquela que foi a grande diferença de rendimento entre a primeira e a segunda parte.

“Na primeira parte, e isso também é um dado muito importante, tivemos oito cantos. É um sinal de que a equipa teve muita dinâmica nos corredores mas chegávamos à zona de decisão e as jogadas não estavam a terminar porque os nossos avançados, tirando o Rafa, estavam muito parados, estáticos. Os quatro da frente melhoraram mas principalmente o Darwin e o Sefe [Seferovic], e começaram a fazer mais diagonais para o espaço. Foi assim que ganhámos, demonstrámos uma vontade muito grande em ganhar”, explicou Jorge Jesus.

Mais tarde, na conferência de imprensa, o treinador do Benfica voltou a falar da dinâmica ofensiva mas tocou também na questão das críticas às exibições e voltou a falar dos nomes de Toni e José Augusto.

Jorge Jesus recusa responder a críticas de comentadores do Benfica

“Estive dois anos e tal fora. Quando saí sabia que em Portugal há uma comunicação extra jogo, com a intenção de desvalorizar os jogadores, os treinadores, os presidentes… Sei que esta comunicação desportiva existe. Estava um pouco destreinado disto. Acho que todos os agentes desportivos devem perguntar sobre futebol mas o que se vê em Portugal é advogados, arquitetos, com todo o respeito que tenho por essas profissões e por todas as outras, a falarem de futebol… Mas isto cabe na cabeça de alguém?”, começou por referir.

“Se me está a falar do Toni e do José Augusto, esses dois antigos jogadores do Benfica têm um grande legado, fizeram muito mais pelo Benfica do que eu. No dia em que eles estiveram aqui sentados, tenho muito gosto em responder-lhes. São duas personalidades muito grandes no Benfica. Aos adeptos do Benfica, tenho de responder ganhando. Podíamos fazer melhor? Sim. Sei que esta equipa pode jogar muito mais. Ainda hoje vi um cartaz a dizer: ‘É uma vergonha’. Os campeonatos não se ganham nem à quinta jornada nem agora. Em maio é que se fazem as contas. Todas as equipas têm períodos menos positivos. Sei porque é que tivemos agora uma quebra no rendimento. Não quero dizer porque vai soar a desculpa mas sei porquê”, acrescentou.