Desde que começou a vacinar contra a Covid-19, Portugal já deitou foram seis mil doses de vacinas das 32 mil vacinas que administrou. É que, segundo o jornal Expresso, a cada frasco aberto é deitada fora uma dose, que poderia servir para vacinar mais alguém.
A explicação é que a Agência Europeia de Medicamentos ainda não aprovou o pedido do primeiro laboratório fornecedor, a Pfizer, que permite que sejam extraídas seis e não cinco doses por frasco entregue. Itália, Reino Unido, Suíça, Israel e Estados Unidos já o fazem, ainda segundo este semanário.
À espera de uma resposta desde 30 de dezembro, o Infarmed decidiu avançar sozinho “de forma interina”, mas falta uma norma da Direção Geral da Saúde para que tal procedimento avance.
Ao Expresso, o coordenador do Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19, Francisco Ramos, confirmou a necessidade de haver uma norma para permitir o fim do desperdício de uma dose por frasco, mas garantiu que a orientação “está pronta para ser publicada”.
O Ministério da Saúde, numa nota entretanto enviada às redações, recusa o desperdício da vacina e diz que, apesar da aprovação por parte da Europa só dever ser feita esta sexta-feira, já é prática em Portugal aproveitar a sexta dose seguindo todos os procedimentos de segurança.
Até terça-feira, no balanço mais recente, tinham sido administradas 32 mil vacinas, ou seja, foram abertos seis mil frascos.
À Rádio Observador, João Gonçalves, director do IMed (Instituto de Investigação do Medicamento), aponta as culpas à Agência Europeia do Medicamento e afirma que Portugal já encontrou uma solução através do Infarmed, que passa por tirar essa vacina extra com uma agulha diferente. “É tudo uma questão burocrática e regulamentar que está a atrasar isto tudo”, mas a nível europeu, explicou. E que mais um dia ou dois será possível tirar mais um pouco da vacina e chegar a mais.
Pfizer. 6 mil doses para o lixo. “Portugal não tem culpa nenhuma”
Governo recusa estar a desperdiçar doses de vacinas
O Ministério da Saúde, num comunicado entretanto enviado, recusa no entanto que Portugal esteja a desperdiçar a sexta dose da vacina que é possível extrair do frasco, até porque essa indicação do Infarmed, feita a 30 de dezembro, já está a ser posta em prática “desde que fosse sempre verificado e assegurado o volume de 0,3 ml previamente a cada administração”.
“As doses devem ser retiradas em condições assépticas e utilizando agulhas e seringas apropriadas”, lê-se.
Esta orientação, explica o Governo, veio na sequência da discussão entre as autoridades reguladoras do medicamento da União Europeia e da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), entidade esta a quem a Pfizer já tinha submetido formalmente o pedido de alteração da extração do número de doses por frasco. A avaliação deverá ser feira ainda esta sexta-feira, segundo o Ministério e depois refletida nas normas da Direção Geral da Saúde.
“Neste enquadramento a prática generalizada dos postos de vacinação tem sido a utilização da 6.ª dose, cumpridas que sejam as condições exigidas”, garante o ministério tutelado por Marta Temido.
(Artigo atualizado às 11h45 com o esclarecimento do Ministério da Saúde)