O Governo encomendou 22 milhões de doses da vacina contra a Covid-19, entre as diferentes farmacêuticas, decidindo, por isso, abdicar de 800 mil doses que ainda estariam disponíveis no âmbito das compras da UE, segundo o Jornal de Negócios. Estas vacinas ficam disponíveis para outros Estados-membros, num fundo comum.

Portugal teria direito a 3,7 milhões de doses da Moderna, mas acabou por só comprar 2,8 milhões. Francisco Ramos, coordenador da equipa que gere o plano de vacinação português, confirma ao Negócios que “no primeiro contrato com a Moderna, foram disponibilizadas 80 milhões de doses de vacinas para a União Europeia, das quais Portugal adquiriu 1,8 milhões”, tendo em conta a fatia a que teria direito, mas, no segundo acordo, que garantiu mais 80 milhões de doses à UE, “Portugal entendeu adquirir apenas um milhão de doses”, porque “sobram muitas doses”.

No entanto, entre as 22 milhões de doses encomendadas, há sobretudo ainda opções de compra, tendo em conta que quatro das seis farmacêuticas a que a UE encomendou vacinas aguardam autorização de Bruxelas para começar a distribuição pelos estados-membros.

Portugal não é caso único na UE. De acordo com o jornal Politico, também Bélgica, Polónia, Grécia e Bulgária são exemplos de países que não compraram todas as vacinas da Moderna, a mais dispendiosa das seis marcas que foram negociadas pela Comissão Europeia. As sobras, de acordo com o Politico, estão a ser compradas por países como Alemanha, França e Dinamarca.

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A UE assegurou, de acordo com a Economist, cerca do dobro das encomendas necessárias para vacinar toda a população europeia, tal como os EUA. As sobras são ainda maiores no Reino Unido (quase três vezes mais do que o necessário) e no Canadá (cinco vezes mais), se se confirmarem todas as entregas. Pelo contrário, países como Suíça, Brasil, Argentina, Coreia do Sul, ou China (que tem mais de 17% da população) não tinham, até 9 de janeiro, garantido a cobertura total de todos os seus habitantes.

Mas o que está aqui em causa são apenas encomendas. Questão diferente é o ritmo de vacinação, que, de acordo com o Ministério da Saúde, “não se prende com a quantidade de vacinas adquiridas, mas sim com o seu calendário de entrega em Portugal”. Um assunto “que vai para além do controlo do país ou da própria Comissão Europeia”, sublinha o ministério.

Artigo atualizado às 9h46