Marcelo Rebelo de Sousa foi este domingo reeleito Presidente da República com uma expressiva votação: 60,70% dos votos, quase 50 pontos percentuais acima da segunda classificada, Ana Gomes. Em números absolutos, Marcelo melhorou face à sua eleição inicial, em 2016. Este ano, teve perto de 130 mil votos a mais em relação ao escrutínio de há cinco anos.
Olhando para a história da democracia portuguesa, a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa em percentagem é o terceiro resultado mais expressivo de 45 anos de eleições presidenciais, ficando apenas atrás dos célebres 70,35% de Mário Soares (na reeleição em 1991) e dos 61,59% obtidos por Ramalho Eanes (nas primeiras presidenciais depois do 25 de abril, em 1976).
O resultado notável de Marcelo ocorre, porém, numas eleições marcadas por outra percentagem significativa: a abstenção recorde. Este ano, 60,51% dos eleitores inscritos não votaram — um valor explicado por uma multiplicidade de fatores, incluindo o pico da pandemia, a atualização automática dos cadernos eleitorais na emigração e, no entender de vários especialistas, a convicção de que a eleição estaria decidida, à partida, em benefício do incumbente.
Face à abstenção recorde, importa pôr os resultados em perspetiva.
Marcelo Rebelo de Sousa obteve 2.533.799 votos. Em relação aos eleitores que foram efetivamente às urnas, são 60,70% — o resultado oficial. Porém, em relação ao universo total dos eleitores inscritos, os votos em Marcelo representam apenas 23,60% desse universo.
Já Ana Gomes foi escolhida por 13% dos eleitores que foram às urnas — mas os seus votos representam apenas 5,04% do universo total de eleitores. André Ventura, por seu turno, recebeu 11,90% dos votos de quem foi às urnas, o que representa 4,63% de todos os eleitores inscritos.
Na parte final da tabela, o comunista João Ferreira foi a opção para 4,30% dos portugueses que votaram, o que significa apenas 1,68% do universo total de eleitores.
A candidata do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, recebeu 4% dos votos, o que representa 1,53% dos eleitores totais que poderiam ter votado nas presidenciais deste ano.
Tiago Mayan Gonçalves, da Iniciativa Liberal, recebeu 3,20% dos votos, que correspondem a 1,25% do universo de eleitores. Vitorino Silva, conhecido como “Tino de Rans”, foi o último classificado, com 2,90% dos votos depositados em urna, o que significa 1,14% do universo eleitoral nacional.