A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, escreveu a Marcelo Rebelo de Sousa pedindo-lhe intervenção na campanha de vacinação contra a Covid-19 e criticando duramente a inclusão de autarcas e outros responsáveis políticos no grupo prioritário numa altura em que vários profissionais da linha da frente ainda estão por vacinar.

“Alguns autarcas e outros sem direito a vacinação prioritária, numa atitude indigna e vergonhosa, numa altura tão difícil para todos nós, aceitaram um esquema para se poderem vacinar antes do tempo”, escreveu Ana Rita Cavaco na carta enviada esta terça-feira ao Presidente da República.

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A bastonária sublinha que ainda não estão vacinados todos os profissionais de saúde, “muito menos os enfermeiros”.

“A título de exemplo, nem sequer estão vacinados todos os enfermeiros que constituem as brigadas de intervenção rápida criadas para fazer face aos surtos nas ERPI’s, vulgo, lares”, diz Ana Rita Cavaco. “Ao contrário da nossa proposta, os estudantes de Enfermagem em ensino clínico e em contacto direto com doentes Covid-19 não estão incluídos em qualquer grupo prioritário de vacinação.”

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“Há, também, pouquíssimos enfermeiros dos Cuidados de Saúde Primários, para não falar dos enfermeiros do setor privado, vacinados. E ainda nem se começou a vacinação dos bombeiros, responsáveis por cerca de 90% do transporte em emergência extra hospitalar”, continua Ana Rita Cavaco.

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Por isto, a bastonária considera errada a inclusão indiscriminada de responsáveis políticos entre os grupos prioritários. “É indiscutível que se possa vacinar as mais altas figuras do Estado, a par dos grupos prioritários, mas já não é para outros titulares de cargos públicos”, diz Ana Rita Cavaco. “A Ordem dos Enfermeiros está frontalmente contra a inclusão de autarcas ou outros titulares de cargos públicos que não sejam as mais altas figuras do Estado Português nos grupos prioritários.”

A bastonária termina a carta sugerindo ao Presidente da República a criação de centros de vacinação e disponibilizando “os membros de órgãos executivos” da Ordem para assegurar a vacinação pro bono.