A emissão global de obrigações sustentáveis atingirá um valor recorde de 650 mil milhões de dólares em 2021, mais 32% que o emitido em 2020 (491 mil milhões de dólares), prevê a Moody’s Investors Service num novo relatório divulgado quinta-feira.

No relatório, a Moody´s também considera que as obrigações sustentáveis poderão representar entre 8% e 10% do total da emissão global de obrigações em 2021, depois de terem abrangido 5,5% do total da emissão em 2020.

O analista da Moody’s Matthew Kuchtyak prevê que os 650 mil milhões de dólares incluam “375 mil milhões de dólares em obrigações verdes, 150 mil milhões de dólares em obrigações sociais e 125 mil milhões de dólares em obrigações de sustentabilidade em 2021”.

Esperamos que a emissão de obrigações verdes suba 39% este ano, à medida que a economia continue a recuperar e os emissores procurem cada vez mais financiamento da dívida para projetos amigos do ambiente”, adianta o analista citado no relatório da Moody’s.

Contudo, a Moody’s precisa que “o crescimento da emissão de obrigações sociais e de sustentabilidade abrandará, à medida que os financiamentos relacionados com a pandemia da Covid-19 começarem a atingir um determinado patamar”.

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A Moody’s espera que as obrigações sociais cresçam 6% em 2021, após terem aumentado sete vezes em 2020, enquanto as obrigações de sustentabilidade crescerão 58% após terem duplicado em 2020.

A Moody’s diz que os principais desenvolvimentos financeiros sustentáveis avançarão significativamente em 2021 – particularmente as obrigações vinculadas à sustentabilidade e o financiamento de transição.

As obrigações ligadas à sustentabilidade têm um forte potencial de crescimento, uma vez que permitem aos emissores manter a flexibilidade dos empréstimos para fins gerais das empresas, e ao mesmo tempo que são potencialmente atrativas para os investidores que têm em mente a sustentabilidade.

As empresas procurarão financiar os seus planos de transição de carbono tanto com a utilização de produtos como de obrigações ligadas à sustentabilidade à medida que as normas relevantes avançarem, embora a definição de objetivos de transição credíveis numa vasta gama de setores continue a ser um obstáculo ao rápido crescimento do mercado, adianta.

A política governamental irá apoiar ainda mais o crescimento e desenvolvimento sustentável do mercado da dívida no próximo ano, à medida que os governos de todo o mundo reforçarem o seu foco nas alterações climáticas e associarem os planos de recuperação económica aos objetivos de desenvolvimento sustentável.

A Europa continuará a liderar o caminho com o Acordo Verde da União Europeia e o desenvolvimento de uma ‘taxonomia’ financeira sustentável, enquanto as políticas da administração Biden proporcionarão um trunfo para o financiamento e investimento sustentáveis nos Estados Unidos.

O 14.º plano quinquenal da China e um compromisso de neutralidade de carbono até 2060 também sugerem uma retomada do crescimento do volume da dívida sustentável naquele mercado.