Liverpool, Brighton, Chelsea. 1-3, 1-0, 0-1. Três derrotas consecutivas. O Tottenham perdeu três jogos seguidos para a Premier League mas a verdade é que a análise ao mau momento da equipa de José Mourinho tem de começar a partir do final de novembro. De lá para cá, os spurs ganharam apenas quatro dos 13 jogos disputados para o Campeonato — ou seja, levam já mais de dois meses de resultados sofríveis e nada regulares que atiraram o Tottenham para o oitavo lugar da classificação.

Um oitavo lugar que é completamente díspar da ideia que chegou a surgir no início da temporada, quando a equipa de José Mourinho chegou à 10.ª jornada da Premier League com apenas uma derrota e vitórias contra o Manchester United e o Manchester City — a ideia de que, numa época atípica e onde os principais rivais pareciam ainda não ter alcançado qualquer estabilidade, o Tottenham poderia mesmo aparecer enquanto wildcard para conquistar o título. Ideia que está agora, mais uma vez, quase completamente afastada.

Mourinho deixou uma dica para os apostadores de Nova Deli: com Kane, a vitória está certa em mais 21% (e o WBA que o diga)

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Certo é que, no passado domingo, os spurs venceram o West Bromwich em casa e voltaram finalmente às vitórias. E José Mourinho, apesar de não esconder o momento ainda frágil que a equipa atravessa, garantiu que a motivação terá de ser um fator presente até ao final da temporada. “A Premier League é a Premier League e, como fizemos na época passada, vamos até ao fim com tudo. Só no fim da época é que poderemos ter uma ideia clara do que a equipa alcançou ou do que merecia ter alcançado. Nesta altura ainda há cerca de 50% da temporada por jogar. É um pouco estranho, mas a realidade é que ainda não jogámos com o Aston Villa e já jogámos duas vezes com o Liverpool, com o Chelsea, em breve com o Manchester City… Parece que alguém nos atirou todos os adversários mais fortes para cima ao mesmo tempo, mas isso não é um drama”, disse o treinador português, que não se esqueceu de recordar que o Tottenham vai disputar a final da Taça da Liga com o City, está nos 16 avos de final da Liga Europa e esta quarta-feira jogava na quinta ronda da Taça de Inglaterra.

O adversário, em Goodison Park, era o Everton — um Everton de Carlo Ancelotti que tem mais um ponto do que o Tottenham na Premier League e que esta temporada já tinha vencido em Londres, logo na primeira jornada do Campeonato. E Mourinho, na antevisão da partida, garantia que podia contar o contributo de um jogador que em janeiro esteve praticamente fora do clube e a assinar pelo PSG: Dele Alli, que ficou nos spurs porque o presidente Daniel Levy não quis abdicar do inglês, já fez as pazes com o treinador, voltou aos treinos e pode ser uma espécie de reforço para a segunda metade da temporada.

“O Dele Alli treinou com a equipa e treinou bem. Esteve muito tempo fora da equipa e tem treinado nas últimas duas semanas. Se nos pode ajudar? Acredito que sim. Talvez possa estar no banco e entrar alguns minutos para ajudar a equipa. Isso é possível. Tenho de falar com ele mas acho que sim, que pode jogar. Não mudou nada em relação a ele. Não está lesionado e pode treinar com a equipa. Passou por um processo em que não treinou mas agora voltou ao trabalho com a equipa e nada mudou. O que talvez tenha mudado é a especulação à volta dele. Agora toda a gente sabe que é jogador do Tottenham e não vai a lado nenhum. Com o fim da especulação, acabam também as interrogações e ele pode ajudar a equipa. É isso que queremos e é disso que precisamos. Tenho de conversar com ele mas acho que pode estar no banco e ajudar por 15 ou 20 minutos”, disse o técnico português, ressalvando que a decisão de convocar Dele Alli, depois de um período longo em que avançado não treinou, surge na sequência da lesão de Giovani Lo Celso.

Assim, e a jogar para a Taça, Mourinho poupava Harry Kane, que voltou de lesão na partida contra o West Bromwich, e lançava Son, Bergwijn, Lucas Moura e Lamela na fase mais adiantada da equipa. O Tottenham colocou-se em vantagem logo nos instantes iniciais, por intermédio do central Sánchez: Son bateu um canto na esquerda e o colombiano saltou mais alto do que todos os adversários para desviar e marcar (3′). Já depois da meia-hora, porém, o Everton só precisou de dois minutos para dar a volta ao resultado. Calvert-Lewin empatou o marcador, com um remate forte na sequência de uma perda de bola dos spurs em zona proibida (36′), e Richarlison confirmou a reviravolta, com um pontapé cruzado de fora de área que aproveitou novamente a passividade da defesa adversária (38′).

Ainda até ao intervalo, o contexto piorou antes de melhorar para o Tottenham. Já nos últimos instantes do primeiro tempo, Hojbjerg fez falta sobre Calvert-Lewin no interior da grande área e Sigurdsson, na conversão da grande penalidade e contra o antigo clube, aumentou a vantagem da equipa de Carlo Ancelotti (43′). A equipa de José Mourinho, porém, respondeu ainda antes da interrupção e conseguiu reduzir a desvantagem através de um golo de Lamela, que combinou com Son e surgiu na grande área a atirar para bater Robin Olsen (45+3′).

Nos primeiros minutos da segunda parte, Mourinho lançou Harry Kane para tirar Bergwijn e Ancelotti respondeu com a saída de Calvert-Lewin para a entrada de Coleman. O Tottenham empatou logo de seguida, com Sánchez a bisar na partida novamente na sequência de um canto de Son na esquerda mas com um desvio ao segundo poste depois de um primeiro cabeceamento de Alderweireld (57′). O Everton voltou a responder cerca de dez minutos depois, também com um marcador repetido: Richarlison, na esquerda e num lance onde Aurier não ficou muito bem na fotografia, recebeu um passe vertical de Sigurdsson e atirou para colocar os toffees novamente na frente (68′).

Ancelotti lançou Bernard, Mourinho cumpriu a antevisão que tinha feito e colocou Dele Alli no lugar de Lucas Moura. HarryKane voltou a empatar a partida, com um cabeceamento letal ao segundo poste depois de uma jogada de insistência do Tottenham (83′), e o jogo seguiu para prolongamento depois de os 90 minutos terminarem com o marcador empatado a quatro bolas. Na meia-hora adicional, a diferença foi feita por Bernard, que respondeu a outra enorme assistência de Sigurdsson e acabou por garantir a vitória do Everton (97′).

Num jogo louco e sensacional que foi mesmo a partida da Taça de Inglaterra com mais golos entre equipas da primeira liga desde 1961, o Tottenham mostrou muita resiliência mas acabou por ser eliminado, restando agora a Taça da Liga e a Liga Europa ao conjunto de José Mourinho, considerando que a Premier League já está num patamar algo inalcançável. Já o Everton segue para a próxima ronda, juntando-se a Bournemouth, Manchester United, Manchester City, Leicester e Sheffield United, as outras equipas já apuradas.