O Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas disse este sábado que cerca de 12,4 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar na Síria, devastada pela guerra, um número que considerou “alarmante”.
“Quase 60% da população síria encontra-se atualmente numa situação de insegurança alimentar”, informou a agência da ONU, referindo-se aos resultados de um estudo realizado em finais de 2020 em todo o país. “Este é de longe o número mais alto alguma vez registado”, sublinhou aquela entidade. O país (com cerca de 20 milhões de habitantes, segundo o PAM) tinha atingido um recorde anterior em maio, com 9,3 milhões de pessoas a não conseguirem comer o suficiente.
“Mais do que nunca, um número crescente de sírios está a passar fome, a cair na pobreza e na insegurança alimentar”, afirmou à agência de notícias francesa AFP Jessica Lawson, porta-voz do PAM na Síria. “É alarmante que uma refeição básica esteja fora do alcance da maioria das famílias”, frisou.
Num país devastado por quase uma década de guerra, cerca de 83% da população vive abaixo do limiar da pobreza, de acordo com as estatísticas da ONU.
Nos últimos meses, a crise económica no vizinho Líbano, que abrandou acentuadamente o fluxo de dólares americanos para a Síria, e as medidas impostas pela pandemia de covid-19, agravaram ainda mais a situação, com a libra síria a cair em relação ao dólar para um mínimo histórico. Além disso, o aumento de preços também degradou as condições de vida.
“A situação económica na Síria está a exercer pressão sobre as famílias que não têm mais nada, depois de anos de conflito, e muitas delas dependem exclusivamente da ajuda humanitária para sobreviver”, adiantou Lawson. O conflito sírio, que começou em março de 2011, com a repressão sangrenta de manifestantes anti-regime, causou a mortes de mais de 387.000 pessoas e forçou milhões de sírios ao exílio.