A população luso-americana nos estados tradicionais de emigração está a diminuir e regista-se um aumento nas comunidades na Florida, Texas e outros estados, segundo dados do American Community Survey citados pelo Conselho de Liderança Luso-Americano (PALCUS, na sigla inglesa).
“Os luso-americanos estão a deixar os estados tradicionais de assentamento”, disse esta quarta-feira a investigadora Dulce Maria Scott, da Universidade de Anderson, Indiana, na apresentação do novo Índex Nacional do PALCUS. Califórnia e Massachusetts foram os mais afetados. Segundo os dados do American Community Survey que a investigadora citou, a Califórnia perdeu 35.604 luso-americanos entre 2010 e 2018, uma quebra de 10,5% no estado que reúne a maior concentração da comunidade portuguesa.
O segundo estado a perder mais habitantes de origem portuguesa foi Massachusetts, de onde saíram 29.238 luso-americanos, o correspondente a uma redução de 10,3%. Já a comunidade de Rhode Island perdeu 11.784 pessoas, uma quebra de 13,2%, e no Havai registou-se uma diminuição de 22,2%, referente a menos 10.662 luso-americanos. No Connecticut notou-se uma quebra de 5.584 luso-americanos, ou menos 11,4%.
Nova Jersey e Nova Iorque também sofreram reduções, embora em níveis mais baixos (2.531 e 2.436 pessoas, respetivamente). Em sentido contrário, os maiores aumentos foram registados na Florida e no Texas, embora se tenha assistido a um crescimento razoável da população lusa também na Carolina do Norte, Pensilvânia, Colorado, Washington e Virgínia.
A Florida foi o estado que atraiu mais luso-americanos, aumentando a comunidade em 9.545 pessoas, uma subida de 12,1%. Dulce Maria Scott referiu que este fluxo poderá estar relacionado com os segmentos mais velhos da população luso-americana, que escolheram este estado para a reforma.
O outro polo de atração foi o Texas, onde a população luso-americana subiu 19,1%, referente a mais 6.352 pessoas. Aqui e nos outros estados, a investigadora referiu que a mudança poderá estar relacionada com os filhos de emigrantes a procurarem novas oportunidades. Ainda assim, no total, estão contabilizados esta quarta-feira menos luso-americanos nos Estados Unidos do que fora registado em 2010.
Em oito anos, a população luso-americana diminuiu 5%“, notou Dulce Maria Scott. “Uma das razões é que há muito menos emigrantes a chegar de Portugal e as pessoas da grande vaga de emigração nos anos 1960 e 70 estão a ficar mais velhas e algumas a morrer”, acrescentou.
Outro motivo poderá ser o desligamento de pessoas em gerações subsequentes. Segundo o American Community Survey relativo à população, estão contabilizados 1.358.190 luso-americanos, contra 1.426.121 em 2010.
Os dados foram analisados numa sessão em que o PALCUS apresentou o seu mais recente Índice Nacional referente à comunidade luso-americana nos Estados Unidos da América, que abrangeu características demográficas, participação política, principais preocupações e outras questões comunitárias.