Steven Guilbeault, o atual ministro da Cultura e Desporto do Canadá (Ministre du Patrimoine, em francês, e Minister of Canadian Heritage, e inglês), vai encabeçar os esforços do país para criar uma nova lei que obrigue plataformas como a Google e o Facebook a pagar pelas hiperligações de notícias que são partilhadas. Como foi avançado pela Reuters e pelo New York Post, o político quer avançar com uma proposta legislativa nos próximos meses.
Na quinta-feira, após o Facebook ter proibido todos os utilizadores australianos de partilharem ou verem notícias na rede social, contestando assim a uma nova lei australiana, Guilbeault foi dos primeiros políticos internacionais a criticar os atos da empresa liderada por Mark Zuckerberg. O ministro classificou a atitude do Facebook como “altamente irresponsável”. E adiantou: “Estamos na vanguarda desta batalha”. Assim, à semelhança da Austrália, este país parceiro da Commonwealth, quer obrigar o Facebook e a Google a pagar a organizações de comunicação social pelas notícias partilhadas nestas plataformas.
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De acordo com o ministro canadiano, que já falou com os seus congéneres na Austrália, Finlândia e Alemanha, o objetivo é que estas plataformas digitais enfrentem uma frente unida de vários países. “Estou um pouco curioso para ver qual será a resposta do Facebook. Vai cortar laços com a Alemanha, com a França, com o Canadá, com a Austrália e outros países que poderão aderir [ao movimento]?”, disse o canadiano.
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Outros políticos do Canadá criticaram a decisão do Facebook de proibir a partilha e visualização de notícias. Alexandre Boulerice, um legislador canadiano, utilizou a expressão “a intimidação do Facebook”, à semelhança das palavras do primeiro-ministro australiano Scott Morrison, para propor um voto de repúdio no Parlamento do país contra os atos da empresa na Austrália.
A nova lei australiana para regular a partilha de conteúdos noticiosos em plataformas como as da Google e do Facebook foi aprovada na quarta-feira na Câmara dos Representantes da Austrália. A legislação ainda precisa de passar no Senado, algo que está previsto acontecer esta semana. Mesmo assim, a Google, que em janeiro ameaçou que ia retirar o seu motor de pesquisa do país devido a esta lei, começou a negociar com os principais publishers (órgãos de comunicação social) australianos para poder continuar a partilhar hiperligações externas para notícias.
Este negócio significou, por exemplo, acordos de dezenas de milhões de euros com organizações de media como a News Corp, de Rupert Murdoch. Já o Facebook optou por uma medida mais extrema que continua a afetar os cerca de 17 milhões de australianos que utilizam a rede social e também os utilizadores em todo o mundo.
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