O primeiro-ministro formaliza, esta quarta-feira ao final da manhã, o apoio de Portugal à recandidatura de António Guterres a secretário-geral da ONU. A primeira eleição para o cargo aconteceu em 2016 e no início deste ano, Guterres fez saber que se recandidata agora a um segundo mandato de cinco anos para o período de 2022-2026.
Há cinco anos, o antigo primeiro-ministro português e ex-Alto Comissário da ONU para os Refugiados, foi aclamado pelos 193 Estados-membros da Assembleia-Geral para o cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), depois de uma recomendação do Conselho de Segurança que se tornou decisiva. Nessa altura foi o primeiro-ministro António Costa que apresentou a candidatura do antigo líder socialista.
Como Guterres ganhou a ONU. A campanha contada por quem a fez
A decisão de voltar a candidatar-se a secretário-geral da ONU terá sido fechada depois das eleições norte-americanas de novembro passado. A relação de António Guterres e a anterior administração americana, liderada por Donald Trump, foi conturbada desde o início, no entanto, ainda este mês o responsável máximo das Nações Unidas sublinhou estar “orgulhoso” que “com todas as dificuldades e problemas que foram conhecidos” ter sido “possível manter uma relação funcional com os Estados Unidos em relação ao núcleo de atividades mais importantes das Nações Unidas”, declarou numa entrevista virtual, transmitida ao vivo pelo jornal Washington Post.
A mais recente polémica entre as duas partes foi quando Trump, em outubro, publicou um tweet a desafiar Guterres a fazer com que todos os estados membros da ONU pagassem a sua contribuição, e “não apenas os Estados Unidos”. Isto depois de o secretário-geral da organização ter dado conta do défice financeiro de 230 milhões de dólares (cerca de 209 milhões de euros) da organização, expressando preocupação quanto ao futuro mais próximo.
Já esta semana, e depois de um ano em que a sua ação ficou sobretudo marcada pela pandemia, António Guterres veio assinalar a utilização da situação, por parte de alguns países, para “para suprimir vozes dissonantes, abolir a maioria das liberdades fundamentais, silenciar a comunicação social independente e dificultar o trabalho de organizações não governamentais”, com as medidas restritivas que aplicaram para conter o contágio pelo SARS-CoV-2.
Em declarações feitas na abertura da 46.ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Guterres avisou para a tendência de usar as “restrições ligadas à pandemia” como “pretexto para minar os processos eleitorais, enfraquecer as vozes dos opositores e suprimir as críticas”. “Os defensores dos direitos humanos, jornalistas, advogados, ativistas e até profissionais de saúde têm sido sujeitos a detenções, processos judiciais, intimidação e vigilância por criticarem as medidas – ou a sua falta – tomadas para fazer face à pandemia”, considerou afirmando como “vital” o acesso à informação nesta fase. No entanto, Guterres não referiu a que líderes mundiais se estava a referir.