O chefe de Governo da Áustria, Sebastian Kurz, e o Presidente russo, Vladimir Putin, evocaram esta sexta-feira a possibilidade de a Rússia fornecer a Viena a vacina contra a Covid-19 Sputnik V, anunciou o Kremlin. Os dois dirigentes discutiram, em conversa telefónica, “a possibilidade” de a Rússia fornecer esta vacina à Áustria, referiu o Kremlin em comunicado, acrescentando que já foram marcados “novos contactos estreitos” para discutir o assunto.

Sebastian Kurz já tinha afirmado, no início de fevereiro, que estava aberto à produção na Áustria de vacinas russas e chinesas contra a Covid-19, desde que estas obtivessem autorização de comercialização na União Europeia.

Áustria pondera produzir vacina russa se a puder comercializar

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A Áustria criticou, na semana passada, o que considera serem “hesitações” da Agência Europeia de Medicamentos na autorização de vacinas contra a Covid-19, lembrando que isso leva os Estados-membros a agir por conta própria.

Neste momento, o único país da União Europeia que usa a vacina russa é a Hungria, que começou a administrar a Sputnik V em 12 de fevereiro, sem esperar uma decisão da Agência Europeia do Medicamento, tendo anunciado esta semana que vai usar também a chinesa Sinopharm.

Recebida pela primeira vez com ceticismo, a Sputnik V – batizada em homenagem ao primeiro satélite soviético – já convenceu muitos especialistas da sua eficácia. O jornal médico especializado The Lancet publicou resultados segundo os quais a vacina tem uma eficácia de 91,6% no combate aos sintomas da Covid-19.

As autoridades russas estão a tentar fazer acordos de produção em todo o mundo, em vez de exportarem as suas vacinas, por falta de capacidade suficiente para atender os pedidos nacionais, que consideram a prioridade. Também o Presidente checo, Milos Zeman, já defendeu o recurso à vacina russa e a Croácia está a negociar a compra desse medicamento.

A EMA recebeu no dia 17 um pedido oficial da empresa farmacêutica russa para obter licença para o uso da sua vacina, mas, no mesmo dia, a presidente da Comissão Europeia disse que ainda não tinha dado entrada na União Europeia qualquer pedido para comercialização da Sputnik V. A presidente do executivo comunitário acrescentou que, “se o fizerem, então terão de apresentar todo o conjunto de dados e sujeitar-se a todo o processo de escrutínio, como qualquer vacina”, havendo ainda outra questão a acAutelar, a da verificação do processo de produçãoa

“Uma vez que não estão a produzir [esta vacina] na Europa, obviamente seria necessário um processo de inspeções nos locais de produção. Porque, como agora bem sabemos, uma questão crucial é ter um processo de produção estável e de alta qualidade”, declarou.