Está a ser discutida a próxima norma Euro 7, destinada a regular as emissões nocivas dos veículos de transporte rodoviário, como sejam as partículas e os óxidos de azoto (NOx), além do dióxido de carbono (CO2), visando a sua adopção em 2025. A Euro 7 representará um agravamento considerável face à actual Euro 6 e outra coisa não seria de esperar, sendo isso que tem levado a uma certa ‘troca de bolas’ entre o legislador e os fabricantes de veículos, que estão convencidos que a nova norma visa matar os motores de combustão.

De um lado, a Comissão Europeia confirma que existe um projecto de Euro 7, com o objectivo claro de controlar de forma mais eficiente as emissões reais dos veículos, sejam eles automóveis ligeiros de passageiros ou furgões comerciais de carga. Mas afirma igualmente que os pormenores da nova legislação estão ainda abertos para discussão.

O responsável na Comissão pelas políticas climáticas, o holandês Frans Timmersmans, assegura que “a decisão não será tomada sem dialogar com os construtores de automóveis”, reafirmando, por outro lado, que “não serão evitados tópicos ou discussões difíceis”. Este aviso à navegação tem a sua razão de ser, uma vez que é mais que evidente a baixa eficácia de todas as normas Euro até aqui implementadas, falhando naquilo que deveriam assegurar: o devido controlo das emissões tóxicas e de CO2.

Só assim se explica que a Comissão tenha concedido aos fabricantes a “amabilidade” de não considerar o ciclo de aquecimento do motor de combustão até aqui, quando se sabe que não só esta é a fase mais poluente, como é igualmente a mais frequente, uma vez que todos os fabricantes afirmam que 80% dos seus clientes percorrem menos de 35 km por dia. Ao conjunto das concessões concedidas aos construtores podemos ainda juntar o facto de os ciclos de regeneração dos gases de escape também nunca terem merecido a atenção do legislador, o mesmo acontecendo com os híbridos plug-in, cujos consumos e emissões de CO2 são determinados apenas nos primeiros 100 km, partindo do princípio – que os estudos contestam – que todos construtores iniciam a deslocação sempre com a bateria recarregada.

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A indústria automóvel alemã, através associação local VDA, já veio acusar a Comissão de “pretender tornar os motores de combustão inviáveis com a proposta actual”, para de seguida chamar a atenção para o facto de “a morte prematura dos motores de combustão tornar mais difícil e mais dispendiosa a adaptação à mobilidade eléctrica”. O presidente da VDA, Hildegard Müller, afirmou mesmo que a morte “do motor de combustão interna em 2025 está completamente fora de questão”, no que foi secundado pelo Grupo VW, que afirmou ao EuroActiv que “o cenário em discussão para a Euro 7 só será viável com recurso a mais complexas soluções tecnológicas, logo mais dispendiosas”, para de seguida concluir que “um sistema de tratamento de gases de escape mais eficaz, combinado com uma maior necessidade de suporte de uma solução híbrida, irá tornar os veículos substancialmente mais onerosos”.

A indústria francesa alinhou pelo mesmo diapasão, sendo mais comedida nas críticas, com a associação que representa os construtores locais, a CCFA, a revelar-se preocupada com a presente proposta para a norma Euro 7. Contudo, espera que surjam as desejadas modificações à proposta actual, pois defende que “exigir uma redução das emissões de 60% a 90% não é realista”.

Os próximos tempos vão ser de intensas negociações, mas Frans Timmermans recorda que “a indústria automóvel começa sempre por dizer que é impossível, mas depois cumpre os objectivos determinados”. Ainda assim reitera que é essencial “ouvir os seus argumentos”.