O fotojornalista Nuno André Ferreira, que trabalha na agência Lusa, está nomeado para o prémio internacional de fotografia World Press Photo, com um trabalho sobre incêndios em Oliveira de Frades, foi anunciado esta quarta-feira.

A organização do World Press Photo anunciou os candidatos ao prémio internacional de fotografia e fotojornalismo, e entre os nomeados, na categoria ‘Spot News’, está o fotojornalista Nuno André Ferreira.

A imagem de Nuno André Ferreira a concurso foi captada em setembro de 2020 e mostra, em dois planos, uma criança dentro de um carro, e ao longe o recorte das chamas num incêndio que começou em Oliveira de Frades (Viseu) e se estendeu pelos concelhos vizinhos.

Nuno André Ferreira, nascido em 1979, vive em Viseu e trabalha com a agência Lusa desde 2009. O trabalho dele tem sido premiado, nomeadamente em 2019 quando venceu por unanimidade o Prémio Rei de Espanha de Jornalismo, com a fotografia “O Nosso Presidente Marcelo”, publicada pela agência Lusa em 19 de outubro de 2017.

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“Escolhi aquela fotografia, porque há ali um contraste entre a ternura de uma criança e o incêndio, que é uma coisa tão má. E vemos ali uma criança dentro do carro, que parece que está imune àquilo tudo, porque também ela não percebe o que se passa à volta dela”, explicou o fotojornalista, em declarações à Lusa.

A reportagem foi feita numa aldeia do concelho de Oliveira de Frades, num incêndio em que, durante a tarde, tinha morrido um bombeiro.

“Já tinha o meu serviço praticamente feito, mas decidi ficar, porque havia aldeias ameaçadas. E, estando em risco, a gente fica para ver até que ponto aquilo tem alguma gravidade ou não”, recordou Nuno André Ferreira.

A nomeação para o prémio internacional de fotografia decorre depois de um ano atípico para o fotojornalismo, feito em contexto de pandemia: “É uma espécie de recompensa, porque a malta dedica-se”.

“Nós também temos a nossa missão, que é esta: é mostrar, é andar na rua. É quase como ter uma guerra e não ter ninguém a cobri-la, porque ficámos em casa com medo. Podemos ter medo, devemos ter, porque o medo acaba por ser um aliado para nos podermos salvaguardar, mas a nossa missão é esta. É tentar chegar às pessoas que não estão lá, é tentar transmitir alguns sentimentos, é tentar levar as emoções, é mostrar no dia a seguir às pessoas aquilo que tu viste e presenciaste”, resumiu.

World Press Photo 2021: Covid-19, #BlackLivesMatter e um cavalo numa unidade de cuidados paliativos

Reportagens sobre o movimento social “Black Lives Matter”, a disputa da região de Nagorno-Karabakh e os incêndios na Amazónia competem para os prémios de fotografia World Press Photo, numa edição marcada também pela Covid-19.

Foram divulgados, esta quarta-feira, os nomeados dos prémios internacionais de fotografia World Press Photo, com o júri a sublinhar, numa mensagem em vídeo, a importância do fotojornalismo como prova dos acontecimentos, num tempo em que os consumidores são bombardeados com tanta informação.

Apesar da pandemia da Covid-19 — que causou milhares de mortos, desacelerou a economia de vários países e condicionou a vida de milhões de pessoas — estar presente em várias reportagens candidatas, há outros assuntos convocados pelo júri para esta edição.

Para o prémio Fotografia do Ano estão nomeados seis trabalhos fotográficos:

  • Evelyn Hockstein, sobre a contestação do movimento “Black Lives Matter”, nos Estados Unidos;
  • Lorenzo Tugnoli, sobre a explosão que destruiu uma parte de Beirute, no Líbano;
  • Luis Tato, sobre uma tempestade de gafanhotos, em África;
  • Mads Nissen, que registou a vida num lar no Brasil, em tempo de pandemia;
  • Oleg Ponomarev, sobre o processo de transição de um rapaz transgénero, na Rússia;
  • Valery Melnikov, sobre o impacto do conflito pelo controlo da região de Nagorno-Karabakh.

Todos eles estão nomeados também nas categorias temáticas do World Press Photo, como ambiente, desporto, retratos ou temas da atualidade, juntamente com outros candidatos. Também foram selecionadas reportagens sobre incêndios na Amazónia, sobre migrantes africanos em Itália e sobre uma unidade de cuidados paliativos em França.

Para esta edição, o júri escolheu 45 fotojornalistas e fotógrafos de 28 países, entre 4.300 profissionais que se candidataram com 74 mil fotografias. Os vencedores das diferentes categorias do WPP – e do grande prémio – serão anunciados a 15 de abril, estando prevista, depois, a habitual exposição anual com as imagens premiadas.

Os prémios World Press Photo foram criados em 1955 em Amesterdão e são ainda considerados os mais prestigiados para o fotojornalismo. Na história deste prémio internacional de fotografia há alguns premiados portugueses, entre os quais Eduardo Gageiro, Miguel Barreira, João Silva, Daniel Rodrigues e Mário Cruz, que também trabalha na agência Lusa.

Atualizado com mais informação sobre o prémio e com as fotografias de outros nomeados.