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O bê-á-bá para quem quer escrever um livro

Este artigo tem mais de 3 anos

Não é um bicho-de-sete-cabeças e está ao alcance de quem arrisca. Se tem uma história para contar, siga os conselhos do autor David Machado e concorra ao Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce.

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Getty Images/iStockphoto

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São muitas as desculpas que alguém com talento para as palavras é capaz de inventar para nunca escrever um livro. Ou porque lhe falta tempo, ou porque entende que não tem qualidade suficiente, ou ainda porque se sente sempre sem inspiração. Tudo isto são argumentos que já ouvimos uma e outra vez da boca de quem sabemos que tem um potencial escritor dentro de si, mas nunca avança para a obra. E a verdade é que se não arriscar, nunca saberá. Foi isso que todos os autores fizeram a determinada altura, caso contrário, deles não rezaria a história. O que pode ajudar bastante a desbloquear o processo é procurar aconselhamento junto de alguém que já passou pelo mesmo.

Por isso, com o objetivo de apoiar quem desse lado possa estar a precisar de orientação para se aventurar a escrever o primeiro livro, entrevistámos o escritor David Machado, que é também um dos elementos do júri da fase de texto da 8.ª edição do Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce. Seguindo os seus preciosos e experientes conselhos, vai ver que a história que tem dentro da cabeça começará a sair com facilidade. E talvez ainda a termine a tempo de concorrer ao galardão, cujo prazo de candidatura para submissão dos textos decorre até dia 2 de abril.

2 de abril

As candidaturas à fase de texto do Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce terminam no dia 2 de abril, data em que se celebra o Dia Internacional do Livro Infantil.

Ler muito, experimentar mais, reescrever sempre

Quanto ao primeiro conselho que David Machado dá a quem quer que se lhe dirija a pedir ajuda para escrever, o autor de obras como Índice Médio de Felicidade (vencedor de dois prémios literários e adaptado ao cinema por Joaquim Leitão) não hesita na resposta: “É fácil: ler muito. Não há outra maneira. É preciso deixar o universo literário crescer dentro de nós, conhecer as múltiplas dimensões de cada palavra, as infinitas formas de construir uma frase, de montar uma narrativa, de criar uma personagem. E depois, escrever muito, claro. Experimentar. Nunca ficar satisfeito com a primeira versão”.

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Já em relação à melhor fonte de inspiração para uma boa história, o escritor é abrangente, considerando que “tudo” pode servir para aguçar a criatividade. E quando diz tudo, é mesmo tudo: “Livros, filmes, conversas com amigos, conversas ouvidas na rua, memórias, imagens” e até “uma parede em branco”.

Um prémio único atribuído por um júri de exceção

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O Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce é o maior galardão atribuído nesta área em Portugal, com um valor total de 50 mil euros, divididos pelos vencedores da fase de texto e ilustração. Se gosta de escrever e tem uma história inédita pronta a saltar para o papel, só precisa de concorrer. A avaliação dos textos estará a cargo de um júri que integra, além de David Machado, nomes como os do escritor e ilustrador Afonso Cruz, da escritora Sara Rodi, da autora e professora Violante Magalhães e ainda da diretora de comunicação do Grupo Jerónimo Martins, Sara Miranda.

Como se constroem personagens credíveis?

Escrever para crianças, jovens ou adultos? Será que esta é uma decisão que se toma em consciência ou impõe-se naturalmente? David Machado, que tem obra publicada para todas estas faixas etárias, explica que, no seu caso, tal “é algo natural”, pelo que não se prende muito à questão: “Eu tenho ideias — como toda a gente —e, sem muita reflexão, guardo-as na gaveta dos contos infantis ou na das narrativas para adultos. A partir daí, trabalho cada um dos géneros levado pelo instinto, sendo que a diferença mais evidente é que quando escrevo para crianças, tenho mais tendência a olhar para dentro de mim, para o que sou e sobretudo para que o fui na infância; e quando escrevo para adultos, olho mais para o mundo fora de mim”.

Para o que também “não há uma ciência exata” é, na sua opinião, o momento em que se deve avançar para colocar a ideia no papel. “Prefiro ter alguns faróis que me iluminem a narrativa antes de começar a escrever. O que não significa que depois, durante o trabalho da escrita, esses faróis não se apaguem e nem sequer apareçam na versão final”, admite.

Quanto à melhor forma de criar personagens credíveis, o escritor partilha que gosta de “prestar atenção aos detalhes”, pois, “as coisas mais pequenas ou mais prosaicas revelam muito sobre uma pessoa”. A título de exemplo, refere que imagina sempre o “que uma personagem tem nos bolsos”. E mesmo que esses objetos não surjam na história, acredita que vale a pena pensar neles, pois ajudam-no a “perceber o carácter e a história de uma personagem, dão-lhe profundidade”.

Já está escrito. E agora?

No momento em que o autor dá o livro por terminado, é muito provável que uma mistura de sentimentos o invada e a alegria seja tingida de muitas dúvidas. O que fazer a seguir? Segundo David Machado, a resposta é óbvia: “Muitas revisões. Ler e reler, alterar, encontrar forma de dizer melhor. Sobretudo, apagar”. Ainda assim, reconhece que “é difícil descobrir esse ponto de equilíbrio entre o maravilhamento com o nosso próprio trabalho e o distanciamento que nos permite criticar com a máxima objetividade aquilo que escrevemos”.

Infografia: Joana Figueirôa

Como tal, é importante que mais alguém leia o texto. Para o escritor e também tradutor, “é sempre muito bom quando temos pessoas em quem confiamos para lerem e criticarem o que escrevemos, seja em que género de texto for”. E “será ainda melhor se tivermos uma editora que saiba questionar, avaliar e propor soluções para os problemas que o texto apresente”, conclui.

Em relação a este último ponto, destaca que “há muitas editoras de livros infantis em Portugal, cada uma com as suas características”. Sendo assim, e para ajudar a decidir a quem enviar a obra pronta, diz que o “melhor a fazer será passar umas horas em livrarias, percebendo o que cada editora publica e selecionar aquelas nas quais o livro que escrevemos encaixa melhor”.

Como escrever um livro que seja um sucesso?

Mesmo que todos os passos indicados até aqui sejam cumpridos, é possível que se demore até publicar o primeiro livro. David Machado sublinha que as “respostas negativas não só são normais como saudáveis”, pois “dificilmente uma pessoa escreve uma obra-prima na primeira tentativa”. Assim, defende que “é muito importante que alguém nos ponha de novo os pés no chão e nos faça olhar para o que fizemos com humildade. Se ninguém criticar o nosso trabalho, nunca haverá qualquer razão para querermos fazer melhor”.

Mas, afinal, o que é que pode contribuir para que um livro infantil se revele um sucesso? Para David Machado, “um livro para crianças deve conseguir fazer o mesmo que os livros para os adultos, ou seja, usar a linguagem para construir uma realidade ficcionada na qual o leitor poderá encontrar o mundo e o outro, e a si mesmo”. “O texto deverá deixar espaço para que o leitor preencha com os seus pensamentos, emoções e memórias”, salienta, acrescentando que, para si, a “literatura é sempre um espaço de diálogo entre autor e leitor”.

A importância do Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce

Autor de livros infantis conhecidos do grande público, como A Noite dos Animais Inventados ou O Alfabeto Nojento, bem como do livro juvenil Não Te Afastes (selecionado pelo The White Ravens, site que elege os melhores títulos de literatura infantojuvenil do mundo), David Machado destaca o papel dos prémios literários, tal como o promovido pelo Pingo Doce: “É muito importante que este tipo de iniciativas cresça e ganhe estatuto e dimensão que depois dê crédito aos premiados.” Isto porque, na sua opinião, a literatura infantil em Portugal assume atualmente contornos “pouco animadores”, justificando com o facto de que “quase não há escritores com menos de 35 anos que publiquem contos para crianças com uma certa assiduidade”. Por essa razão, entende que “muitas vezes, são os prémios literários que fazem esse trabalho de descobrir e dar palco a novos escritores”.

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