Se há algo de que podemos ter a certeza no que diz respeito à região Centro de Portugal é que a beleza das suas paisagens naturais se mantém ao longo de todo o ano. Enquanto o calor do verão se mostra ideal para experiências ativas na natureza, as cores quentes e o ambiente ameno da primavera apresentam-se em forma de convite para a descoberta de miradouros, barragens, matas e cascatas perdidas no meio da natureza.
Os fins de semana de primavera ou verão passam a ser oportunidades para pequenas fugas à rotina, em escapadinhas que limpam as pressões e tensões do dia a dia. O roteiro enche-se de inúmeros locais de interesse, espalhados pela área que se estende do Oeste a Viseu Dão Lafões. Na impossibilidade de visitá-los todos num só fim de semana, resta fazer um plano de descoberta para esta primavera.
Neste artigo, deixamos-lhe duas a três sugestões de locais a visitar em cada região da zona Centro de Portugal. A si, cabe apenas a tarefa de se deixar encantar por alguns dos “segredos” mais bonitos do nosso país.
Região Oeste, entre Reis e Rainhas
No Oeste de Portugal, a força da natureza une-se a um vasto património histórico secular, em jeito de oferenda a todos os que visitam a região. Uma visita à encantadora e extremamente bem preservada vila medieval de Óbidos, apresenta-se como uma autêntica viagem no tempo, transportando-o para tempos de reis, rainhas e cavaleiros.
No ponto mais alto da vila ergue-se o Castelo de Óbidos, cuja imponência se apresenta como testemunho da outrora importância estratégica desta localidade que remonta à ocupação romana da região. Preservado ao longo dos séculos através de várias intervenções, as suas extensas muralhas abraçam a pequena povoação pintada de branco que se estende aos seus pés.
E, para segunda sugestão, falamos da Lagoa de Óbidos, que fica entre as Caldas da Rainha e Óbidos, e que é considerada uma das mais bonitas lagoas do país – e uma das menos exploradas. Convencido? É um local perfeito para os amantes de desportos náuticos e perfeita para uma tarde de piqueniques enquanto vislumbra toda a lagoa.
Nas Caldas da Rainha, encontrará a Mata da Rainha D. Leonor. Distribuída por uma extensão de 17 hectares, foi construída na época da Rainha D. Leonor de Avis como forma de proteger as famosas nascentes de água termal da cidade. Deixe-se perder numa caminhada entre as suas imponentes e frondosas árvores, respirando o ar puro que o rodeia.
Região de Leiria, a tranquilidade corre na água
Numa visita à região de Leiria, é impossível ignorar o seu vasto património histórico, mas as suas paisagens naturais são igualmente de inclusão obrigatória no roteiro de viagem.
A Barragem do Cabril, em Pedrógão Grande, é uma das maiores barragens de Portugal, construída com o propósito de servir como reserva de água doce e alimentada pelas águas do Rio Zêzere, é hoje um espaço de lazer de excelência para habitantes e visitantes. Um passeio de barco nas suas águas de tom azul-turquesa ou um piquenique na sua praia fluvial, emoldurada por eucaliptos, acácias e pinheiros-bravos, são atividades perfeitas para uma escapadinha de fim de semana. E, já que está neste local, aproveite para fazer o percurso pedestre PG3, no Cabeço das Mós, procurando o Mouro da Cabril. Neste percurso, pode ter vistas esplêndidas do vale do rio Zêzere.
Seguindo em direção ao concelho de Castanheira de Pera, deparar-se-á com uma das paisagens mais bonitas da região. A Ribeira de Pera percorre o seu caminho, rodeada por uma vegetação verdejante, precipitando-se sobre pequenas quedas de água, numa pintura idílica que oferece momentos de pura tranquilidade. E se gosta de apreciar ribeiras, sugerimos ainda uma visita à Ribeira das Quelhas, local onde as águas se despenham de uma grande altitude e, temos a certeza, que o vão impressionar.
Região do Médio Tejo, onde a história e a natureza se unem
É no concelho da Sertã que se encontra um dos “segredos” mais bonitos da região do Médio Tejo: a praia fluvial do Trízio. A localidade em si, Trízio, tem uma história secular, tendo sido procurada desde sempre por clérigos que, ali, encontraram o local ideal para se dedicarem em pleno ao seu trabalho espiritual.
Inserida na Albufeira de Castelo de Bode, no local onde a Ribeira da Sertã e Ribeira da Isna se juntam ao Rio Zêzere, a praia fluvial do Trízio oferece um conjunto de infraestruturas adequadas à prática de diversas atividades náuticas. Na primavera, quando o clima pode ainda não convidar a mergulhos nas suas águas frescas, o Clube Náutico, aberto aos fins de semana, oferece passeios de caiaque e um restaurante com alguns dos melhores sabores regionais, ideal para um final de tarde com um copo de vinho na mão enquanto aprecia a paisagem que o pôr do sol desenha nas árvores inseridas no horizonte.
À descoberta das paisagens naturais locais, segue-se a visita a um dos mais relevantes exemplos de património histórico da região: a Ponte da Carvalha, também conhecida por Ponte Velha, Ponte de Várzea e Ponte Romana. A ponte que hoje ali se encontra sobre a Ribeira da Sertã foi construída no início do século XVII, em pleno domínio filipino, porém, presume-se que tenha sido erigida em substituição de uma ponte romana que ali se encontrava. É uma ponte ideal para passeios de fim de semana com a família e com o seu animal doméstico quando o tempo assim o permite. E pode ainda fazer o PR2 Trilho do Zêzere, ao longo de uma estrada romana, a única via terrestre existente até 1954 para a ligação das margens do rio Zêzere.
Região da Beira Baixa
Entrando na Beira Baixa, não há como não incluir um passeio pelas paisagens naturais que tão bem caracterizam esta região. Em Oleiros, os Passadiços do Orvalho, inseridos na GeoRota do Orvalho, oferecem vistas de beleza inigualável e acesso a alguns geomonumentos classificados pela UNESCO.
Entre estes geomonumentos encontra-se o Cabeço do Mosqueiro. Do seu Miradouro, a cerca de 660 metros de altitude, conseguirá avistar várias povoações do concelho de Oleiros, com a imponente Serra da Estrela como horizonte. Aproveite para apreciar a vista enquanto desfruta de um pequeno piquenique no parque de merendas que ali se encontra também à sua disposição.
Ainda na Beira Baixa, não perca a oportunidade de partir à descoberta dos projetos que resultaram do Cortiçada Art Fest – Festival de Experiências Artísticas na Paisagem, decorrido durante o verão de 2020. Localizadas em Oleiros, Proença-a-Nova e Sertã, estas obras foram criadas para lugares específicos, com base na colaboração e conversas com habitantes e associações locais. Em Oleiros, a obra “Moon Gate” encontra-se nas imediações da Ponte Grande; na Sertã, o “Véu” está localizado no Parque da Carvalha; e em Proença-a-Nova, é na Buraca da Moura que se encontra a obra “Farol dos Ventos.”
Região da Serra da Estrela
A Serra da Estrela é, sem dúvida, um dos destinos mais procurados no por turistas nacionais, mas não é só na neve branca que cobre os seus cumes que se encontra a sua beleza nesta altura do ano.
Se fazer caminhadas rodeado por natureza em estado puro é algo que consta da sua lista de atividades preferidas, não perca a oportunidade de incluir num roteiro de escapadinha na Serra da Estrela a Rota das Faias. Este trilho circular, com uma extensão de 5,4 kms levá-lo-á a percorrer durante cerca de 3 horas o coração da Serra. Pelo caminho atravessará uma densa floresta de Faias, estabelecerá contacto com a vida rural, ao mesmo tempo que enche os pulmões de ar puro e admira vistas inigualáveis sobre o Vale Glaciar do Zêzere, a Torre e as Penhas Douradas, entre outras paisagens. É um encanto fazer esta rota em qualquer altura do ano, mas deixamos o aviso – o melhor mês para a fazer é em novembro, quando as folhas amarelas começam a cair e deixam um cenário idílico no chão.
Ainda na Serra, aproveite para descobrir a aldeia mais alta de Portugal, o Sabugueiro, localizado a 1100 metros de altitude. De tradições ainda fortemente implantadas no dia a dia dos seus habitantes, a aldeia é conhecida pelas suas quedas de água e paisagens naturais de grande beleza. A sua localização privilegiada faz com que se apresente como um ponto de partida para a descoberta de alguns dos grandes recursos hidroelétricos da região, como a Barragem do Lagoacho, do Vale do Rossim, da Lagoa Comprida e do Museu Natural da Eletricidade.
Região de Viseu Dão Lafões
Uma escapadinha pela região de Viseu Dão Lafões será sempre garantia da descoberta de um fascinante património histórico e arquitetónico, mas também de momentos de pura descontração e bem-estar entre paisagens de grande beleza natural.
Numa visita à encantadora cidade de Viseu, descobrirá a Catedral de Viseu. No seu claustro superior encontra-se o Passeio dos Cónegos, uma estrutura arquitetónica de influência italiana que liga o claustro à antiga Torre de Menagem. Ao percorrê-lo será difícil resistir à oportunidade de tirar inúmeras fotografias, graças ao enquadramento perfeito que lhe oferece.
Da descoberta do património histórico poderá seguir para um passeio em duas rodas na Ecopista do Dão. Com uma extensão total de 49 km, a ecopista, construída em 2011, ocupa o antigo corredor ferroviário da linha do Dão, desativado em 1988.
Região de Coimbra
Para além de tradições seculares e um património arquitetónico e cultural de valor inigualável, a Região de Coimbra é também lar de magníficas paisagens pintadas de verde e azul. Na Serra da Lousã, o Baloiço do Trevim, localizado a 1200 metros de altitude, é um dos locais ideais para apreciar a beleza dessas mesmas paisagens, oferecendo ao mesmo tempo, oportunidades únicas para fotografias originais para partilha nas redes sociais.
Na histórica Mata da Maragarça, localizada em plena Área Protegida da Serra do Açor, encontrará uma das últimas zonas de vegetação original da região Centro de Portugal, com uma extensão de 68 hectares. Uma oportunidade única de descoberta de inúmeras espécies de flora e fauna autóctones, que o farão voltar para casa com uma renovada sensação de conexão consigo mesmo.
Também nesta região poderá aproveitar o tempo mais ameno para visitar as Buracas do Casmilo, uma maravilha da Natureza que pode ser visitada em Condeixa-a-Nova. O nome científico é Vale das Buracas e corresponde a um pequeno canhão fluvio-cársico, ou seja, um vale de vertentes abruptas aprofundado pela passagem de água ao longo do tempo. Temos a certeza de que não se vai arrepender de reservar uma tarde das suas férias para se deixar levar pela beleza deste local. E já que falamos de paisagens naturais que nos tiram a respiração, aproveite para visitar a Livraria do Mondego – um monumento natural que marca a paisagem das margens do Mondego junto a Penacova.
Visite ainda a Figueira da Foz, desde as suas praias que se estendem pelo areal até à Lagoa da Vela. E, já que está aqui, dê um salto até Montemor-o-Velho e deixe-se encantar pelo castelo que nos dá uma vista maravilhosa desta vila.
Região Ria de Aveiro
É uma das regiões mais surpreendentes do Centro de Portugal, unindo na perfeição a criação humana e a de origem natural. Numa escapadinha pela região da Ria de Aveiro, não será só a arte, que tão bem caracteriza a cidade de Aveiro, ou as suas famosas tradições, a fasciná-lo.
Locais como a Cascata da Cabreia, em Sever do Vouga, considerada por alguns, uma das cascatas mais bonitas de Portugal, mostrar-lhe-ão o que de melhor a região tem para oferecer ao nível de paisagens naturais. Alimentada pelo Rio Mau, esta cascata precipita-se sobre uma queda de 25 metros. A densa vegetação que a envolve pinta o quadro perfeito de descontração e bem-estar.
Continue a explorar a biodiversidade da região nos Passadiços de Aveiro. Ao longo de 7 km, este percurso levá-lo-á a descobrir, a pé ou de bicicleta, paisagens de profunda beleza que só a Ria de Aveiro lhe poderá proporcionar. Faça pequenas pausas nos bancos de madeira espalhados ao longo dos Passadiços para apreciar com toda a tranquilidade a larga variedade de espécies de aves que.
A escolha da região ideal para a sua escapadinha de primavera no Centro de Portugal poderá não ser fácil, mas há algo com que poderá contar, independentemente da decisão final: uma sensação de tranquilidade e descontração que o acompanhará durante todo o regresso a casa.
Saiba mais sobre este projeto em
https://observador.pt/seccao/centro-de-portugal/