“A recuperação será essencial e, mentalmente, o grupo quer lá estar. No final do jogo, as jogadoras já estavam a dar força umas às outras e a dizer que isto não estava decidido”. Depois de uma primeira parte onde Portugal foi até mais dominador do que se poderia à partida pensar e criou ocasiões para chegar ao intervalo em vantagem frente a uma seleção russa com menos bola que pouco ou nada atacou, um cruzamento bombeado, um cálculo errado de Patrícia Morais e uma dose de fortuna à mistura permitiu que Nelli Korovkina desviasse uma bola que ressaltou da trave e marcasse contra a corrente do jogo. A partir daí, não mais Portugal voltou a reencontrar-se. Perdeu. Mas acabou a partida com a convicção de que a derrota de ontem poderia ser a vitória de amanhã.

E tudo uma distração levou: Portugal perde com a Rússia na primeira mão do playoff de apuramento para o Europeu

“O pensamento é só um numa situação de playoff: procurar ganhar o jogo, voltar a entrar forte com a mesma competência, a criar oportunidades e conseguir concretizá-las, que foi aquilo que nos faltou, principalmente na primeira parte, no Restelo. Vamos procurar fazer o mesmo durante 90 minutos, no jogo aqui. Na primeira mão fomos sempre melhores, criámos sempre as melhores oportunidades. Isso deixa-nos acreditar e permite-nos acreditar que é possível. Esta equipa tem tido esse registo, de nunca desistir e, até ao apito final, de certeza que iremos lutar por aquilo que são os nossos objetivos”, destacou o selecionador Francisco Neto, abordando ainda o “reforço” da equipa com mais uma opção e o facto de jogar com público (ainda que menos de 1.000 pessoas).

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“Ter adeptos nas bancadas pode ser um fator motivante e não inibidor, na medida em que representa o retorno à normalidade”, assumiu à assessoria de imprensa da Federação já em Moscovo, mostrando-se satisfeito por ter a possibilidade de contar com Jéssica Silva (do campeão europeu Lyon), ao contrário do que voltará a acontecer com Diana Silva (Aston Villa) e Vanessa Marques (Ferencvaros) mais uma vez pelas restrições de viagens que continuam a vigorar devido à pandemia: “É mais uma opção para ajudar, com muita vontade e competência, com as suas características. Dá-nos coisas diferentes. Não estou a dizer que seja melhor ou pior, é diferente das outras, é mais uma avançada que iremos ter e vamos ver qual é a melhor situação para a colocarmos”.

À semelhança do que aconteceu em outubro de 2016, quando Portugal chegou à Roménia depois de um nulo mas conseguiu a qualificação para a única fase final do Campeonato da Europa até ao momento com um empate no prolongamento com golo de Andreia Norton, a Seleção teria de superar-se para alcançar mais uma vez história e materializar a evolução exponencial do futebol feminino no país nos últimos anos. No entanto, e apesar desse esforço, não foi além de um nulo e foi a Rússia que garantiu passagem à fase final do Europeu.

A Rússia até conseguiu criar uma situação de perigo ainda no primeiro minuto (35 segundos), com Nadezhda Smirnova a aparecer em boa posição para o remate cruzado que saiu muito ao lado. No entanto, e tal como já tinha acontecido no Restelo, Portugal agarrou no jogo, controlou em posse e teve até mais profundidade do que no primeiro encontro pela colocação de Jéssica Silva na frente, com Dolores Silva a ter uma tentativa de meia distância numa segunda bola que saiu por cima e Elvira Todua a agarrar um cruzamento de Jéssica Silva na melhor jogada do primeiro tempo que passou ainda pelos pés de Andreia Norton e Cláudia Neto (10′).

Aos poucos o conjunto da casa conseguiu estabilizar, ganhou mais capacidade nas saídas e encontrou outro tipo de espaços na defesa nacional, com Nelli Korovkina, sempre colocada como primeira referência ofensiva das russas, a ter uma boa arrancada com remate para grande intervenção de Inês Pereira antes de Marina Fedorova cabecear para defesa fácil da guarda-redes que substituiu Patrícia Morais na baliza de Portugal. Andreia Norton, também de fora da área, fez a última tentativa por cima da baliza russa antes do intervalo.

No segundo tempo, a Seleção continuou a ter algumas aproximações ao último terço ainda que sem criar depois as oportunidades de finalização, Inês Pereira manteve intacta a esperança de Portugal defendendo para a trave um remate de fora da área de Alsu Abdullina (59′) e pertenceu a Dolores Silva a melhor ocasião do encontro, com uma tentativa colocada que Elvira Todua foi ainda a tempo de evitar (70′). Francisco Neto foi arriscando cada vez mais nas substituições mas o resultado chegaria mesmo ao final sem golos em Moscovo.