Espanha não vai permitir que pessoas com menos de 60 anos sejam vacinadas com o imunizante da AstraZeneca, mesmo que estes se voluntariem para isso e assinem um termo de responsabilidade. O ministério da Saúde espanhol alega “uma contradição com os princípios éticos” da estratégia de vacinação no país, informa o El Mundo, que cita uma nota da tutela.
“A vacinação não pode estabelecer-se por escolhas individuais”, argumenta o ministério da Saúde espanhol, sendo que a ideia da vacinação voluntária da AstraZeneca “através de um termo de responsabilidade adhoc” normalizaria a ideia de “que as diferentes vacinas são escolha do indivíduo” — algo que vai contra os princípios em que se baseia a estratégia de vacinação no país.
Além disso, o ministério assinala que “a decisão da priorização de vacinas deve basear-se fundamentalmente na evidência científica”, algo que não acontece com a vacinação voluntária, uma vez que em Espanha a vacina da AstraZenenca é desaconselhada a menores de 60 anos. A ministra da Saúde, Carolina Darias, reiterou ainda a semana passada que não “haverá nenhuma modificação” em relação a esta decisão. A tutela está “convencida” de que é a partir dessa idade que se “maximizam os benefícios”.
A questão do termo de responsabilidade também levanta entraves éticos e legais. O ministério da Saúde espanhol considera que “seria muito discutível” responsabilizar o paciente caso algo corresse mal após a vacinação, além de que seria “muito difícil” providenciar previamente a “informação adequada nos termos exigidos por lei”.
Por outro lado, proposta também não é “oportuna no momento atual”, uma vez que não existe um volume de doses suficientes da vacina para começar a distribui-la a grupos que não são considerados prioritários.
Espanha proibiu no início do mês a administração da vacina da AstraZeneca para menores de 60 anos, devido à “possível ligação” do imunizante a casos de coágulos sanguíneos e a um nível baixo de plaquetas.