Entre os concelhos que tiveram de recuar ou travar o desconfinamento a partir de 15 de abril, quando se iniciou a terceira fase para a maior parte dos concelhos do continente, Odemira (que voltou à primeira fase) e Carregal do Sal e Figueira da Foz (que ficaram na segunda fase) aumentaram a incidência acumulada em 14 dias, quando comparados com a semana anterior. Aliás, Odemira e Figueira da Foz têm aumentado todas as semanas, pelo menos desde 30 de março.

Dos 13 concelhos que António Costa identificou como tendo de ter atenção até à próxima avaliação — ou seja, por um período de duas semanas — oito aumentaram a incidência acumulada em relação à semana anterior. Cinfães, por sua vez, estava entre os nove concelhos que se tinha escapado ao travão no desconfinamento, mas voltou a aumentar a incidência acumulada esta semana, segundo os dados recolhidos até 20 de abril e divulgados esta sexta-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

Concelhos Incidência a 20.Abr Incidência a 13.Abr Incidência a 6.Abr
Incidência a 30.Mar
Aljezur 501 304 72 54
Almeirim 191 177 129 93
Barrancos 122 551 428 0
Mêda 153 131 44 0
Miranda do Corvo 63 173 165 55
Miranda do Douro 234 132 0 0
Olhão 110 131 43 27
Paredes 209 138 82 72
Penalva do Castelo 28 141 126 28
Resende 572 385 79 49
Valongo 185 156 104 71
Vila Franca de Xira 111 156 146 73
Vila Nova de Famalicão 146 125 84 63

Como o Conselho de Ministros faz as avaliações de duas em duas semanas, usando os dados dessas semanas e não a evolução semanal divulgada pela DGS, estes oito concelhos na lista de sobreaviso, podem continuar o desconfinamento se, na próxima semana, apresentarem uma incidência acumulada inferior a 120 novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias — a julgar pela regra aplicada pelo primeiro-ministro no dia 15 de abril.

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Evolução semanal de casos travaria desconfinamento em mais concelhos. Governo diz que decide por blocos de 15 dias

Cinfães, por sua vez, mesmo que continue a aumentar a incidência acumulada, a comparação com os dados de dia 13 de abril vai permitir-lhe seguir no desconfinamento — mais uma vez, se se mantiverem as regras aplicadas até aqui.

Concelhos Incidência a 20.Abr Incidência a 13.Abr Incidência a 6.Abr
Incidência a 30.Mar
Beja 98 107 173 134
Borba 45 30 74 134
Cinfães 247 104 93 175
Figueiró dos Vinhos 90 54 90 180
Lagoa 75 119 180 141
Ribeira de Pena 83 66 133 283
Soure 47 35 47 123
Vila do Bispo 19 0 175 213
Vimioso 0 75 224 174

Dos concelhos que ficaram retidos na segunda fase do desconfinamento, o Alandroal é aquele que teve a maior descida na incidência acumulada e o único que está, esta semana, abaixo dos 120 novos casos por 100 mil habitantes.

No extremo oposto está Penela que, apesar de ter descido na incidência, continua acima dos 240 novos casos por 100 mil habitantes. Se isso se verificar na próxima semana (como já estava na semana anterior), o concelho arrisca-se a voltar atrás no desconfinamento.

Concelhos Incidência a 20.Abr Incidência a 13.Abr Incidência a 6.Abr
Incidência a 30.Mar
Alandroal 60 361 581 200
Albufeira 159 226 159 161
Carregal do Sal 227 162 227 302
Figueira da Foz 153 145 128 121
Marinha Grande 140 182 169 203
Penela 278 334 204 167

Os restantes concelhos, têm de descer dos 120 casos para poderem avançar no desconfinamento, mas Carregal do Sal e Figueira da Foz aumentaram a incidência na última semana.

Odemira, que recuou nas medidas de desconfinamento, aumentou incidência acumulada

Odemira é o único concelho no continente que se encontra no nível de risco extremamente elevado (acima de 960 novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias). Este concelho está a subir a incidência acumulada há, pelo menos, quatro semanas. No último anúncio sobre o desconfinamento, Odemira teve de voltar atrás um nível.

Moura e Rio Maior, que também tiveram de voltar atrás no desconfinamento, baixaram a incidência acumulada, mas ainda não está abaixo dos 120 novos casos por 100 mil habitantes. Portimão, o quarto concelho a recuar nas medidas, mantém um nível de incidência equivalente ao da semana passada.

Concelhos Incidência a 20.Abril Incidência a 13.Abr Incidência a 6.Abr
Incidência a 30.Mar
Moura 153 313 459 474
Odemira 991 757 340 316
Portimão 306 382 317 308
Rio Maior 137 309 285 334

43 concelhos acima dos 120 casos por 100 mil habitantes

Esta sexta-feira, a DGS reportou 265 concelhos (no continente e regiões autónomas) abaixo da linha vermelha definida pelo Governo — 120 novos casos por 100 mil habitantes em 14 dias — e 43 acima deste limite. Destes, 13 estavam mesmo acima dos 240 novos casos por 100 mil habitantes.

Nestes 13 concelhos, quatro estão na ilha de São Miguel (Açores) — Vila Franca do Campo, Nordeste, Lagoa e Ribeira Grande — e dois na ilha da Madeira — Machico e Porto Moniz.

Entre as categorias de risco definidas pelo Centro Europeu para a Prevenção e Controlo da Doença (ECDC):

  • 113 concelhos estavam na categoria 1 (dentro do nível de risco moderado);
  • 95 concelhos na categoria 2 (nível de risco moderado);
  • 57 concelhos na categoria 3 (a última abaixo dos 120 casos por 100 mil habitantes);
  • 30 na categoria 4 (a última do nível de risco moderado);
  • 7 na categoria 5 (nível de risco elevado e o primeiro acima de 240 casos por 100 mil habitantes);
  • 4 na categoria 6 (nível de risco muito elevado) — Nordeste (Açores), Machico (Madeira), Aljezur e Resende;
  • 2 na categoria 7 (nível de risco extremamente elevado) — Odemira e Vila Franca do Campo (Açores).

Três concelhos de sobreaviso tiveram as maiores descidas na incidência acumulada

O Nordeste, na ilha de São Miguel (Açores), apesar de ter um dos maiores níveis de incidência acumulada, também apresenta a maior descida na incidência acumulada no espaço de uma semana.

O Alandroal, um dos concelhos que não avançou no desconfinamento, foi outro dos concelhos que teve uma das maiores descidas na incidência acumulada.

Barrancos, Rio Maior e Moura, que estavam de sobreaviso pelo período de 15 dias, também estão entre os cinco concelhos com a maior descida na incidência.

Concelhos Incidência a 20.Abr Incidência a 13.Abr Variação numa semana
Nordeste 576 1049 -473
Barrancos 122 551 -429
Alandroal 60 361 -301
Rio Maior 137 309 -172
Moura 153 313 -160

Cabeceiras de Basto foi o concelho que teve um maior aumento na incidência acumulada no espaço de uma semana, passando — estava abaixo da linha vermelha dos 120 casos por 100 mil habitantes e agora está acima dos 240. Mesmo que continue a aumentar a incidência acumulada, não se prevê que este concelho fique retido no desconfinamento porque a comparação é feita com o dia 13 de abril. O mesmo princípio aplica-se a Corcuhe, Cinfães e Castelo de Paiva.

Odemira (já referido) é o segundo concelho com o maior aumento na incidência acumulada. Aljezur e Resende, entre os concelhos que tinham de estar atentos à evolução dos casos, estão na lista dos 10 que tiveram o maior aumento na incidência acumulada.

Concelhos Incidência a 20.Abr Incidência a 13.Abr Variação numa semana
Cabeceiras de Basto 326 90 236
Odemira 991 757 234
Aljezur 501 304 197
Resende 572 385 187
Porto Moniz 299 128 171
Ribeira Grande 317 146 171
Coruche 200 46 154
Cinfães 247 104 143
Lagoa, Azores 319 190 129
Castelo de Paiva 136 19 117

Entre os concelhos com maior densidade populacional, muitos deles na Área Metropolitana de Lisboa e na Área Metropolitana do Porto, a incidência acumulada a 14 dias continua abaixo da linha vermelha (120 casos por 100 mil habitantes). Não quer dizer que tenham menos casos de infeção do que os concelhos que tiveram de travar ou recuar ou que se arriscam a fazê-lo, mas nos concelhos menos populosos, a avaliação por 100 mil habitantes faz disparar a incidência mesmo que o número real de infeções seja baixo.