Em condições normais, esta seria mais uma semana com o FC Porto a quatro ou menos pontos da liderança do Sporting no Campeonato, tendo em conta também a difícil deslocação que os leões enfrentavam a Braga antes do jogo dos dragões em Moreira de Cónegos. No entanto, e no final da jornada, as contas eram opostas. Mais do que isso, a história do jogo dos azuis e brancos frente ao Moreirense ficou longe de se resumir aos 90 minutos.
A equipa não foi além do empate quebrando uma série de sete vitórias seguidas, houve três lances passíveis de grande penalidade que não foram sancionados nem pelo árbitro Hugo Miguel nem pelo vídeoárbitro António Nobre, Sérgio Conceição foi expulso e ficará suspenso 21 dias, Pedro Pinho agrediu um repórter de imagem da TVI. Muitas incidências inesperadas que, por sua vez, levaram a que durante esta quarta-feira a claque Super Dragões organizasse através das redes sociais um cordão humano do Espinho ao Dragão contra as arbitragens. Era neste contexto que Pinto da Costa, presidente dos dragões, iria falar ao Porto Canal, menos de 48 horas depois de uma igualdade que atrasou a equipa na luta pelo título e reabriu mais a disputa pelo segundo lugar.
“Um jornal diz ‘as palavras que levaram ao castigo’ mas ainda ia a caminho e já tinha levado o cartão vermelho. Assim, as palavras que levaram ao vermelho foi ‘Houve dois penáltis’, e até foram três. Portanto, as palavras podem ser justificativas para o castigo mas não para o vermelho. Dizia o nosso saudoso Mário Soares que havia um direito que era o direito à indignação e todos têm o seu direito. Quem é espoliado em três penáltis tem esse direito à indignação. Toda a imprensa, até aquela que nos é hostil, fala em dois penáltis indiscutíveis, que pela TV até se viram que foram três. Depois o treinador é suspenso, jogadores multados e o árbitro saiu a rir-se, não acontece nada. E o VAR? Um indivíduo sentado na poltrona e não vê nenhum, o que querem que pensemos?”, começou por apontar o presidente portista, falando sobre os 21 dias de suspensão de Sérgio Conceição.
“O árbitro também foi multado? Não, recebe prémio, recebe quilómetros… O FC Porto amanhã vai ser notificado do castigo e vai recorrer para o plenário. Com o Sporting, o plenário reuniu na sexta-feira. Fico a aguardar. Já disse ao presidente da Federação que quero o mesmo tratamento, apesar de dizer sempre que os Conselhos são independentes, mas quero e espero o mesmo tratamento porque vamos recorrer”, acrescentou.
“Sobre o que se passou cá fora, disseram-me que estavam a filmar lá fora e limitei-me apenas a perguntar se havia algum problema. Depois vi a confusão, que era o senhor Pedro Pinho. O que vi foi o senhor Pedro Pinho a tentar tapar e tirar a câmara ao repórter da TVI. A posição do FC Porto e a minha em relação a qualquer ato de agressividade é que rejeito, censuro e não posso aceitar. Não vi nenhuma agressão nem vi nenhuma imagem a agredir, e não digo que houve ou não houve. Pedro Pinho é portista, sócio do FC Porto, não tem nenhum cargo, é empresário que trabalha com muitos clubes. Até vi que ganhou 16,6 milhões em cinco anos… Totalmente mentira! Em cinco anos faturou ao FC Porto por serviços prestados 3,3 milhões de euros mas, acrescente-se, meteu nos cofres do FC Porto 7,5 milhões de euros pelo empréstimo do Casemiro, que o Real teve de pagar esse valor para voltar a ficar com ele. Há polícias que são agredidos quando estão a trabalhar, alguma vez se viu este aparato? Porquê isto?”, explicou Pinto da Costa sobre o episódio e a ligação do agente ao clube.
“Aquilo que percebi foi que queria filmar e estava naquele sítio indevidamente, confirmado por um responsável do Moreirense. Está mal estar ali, está mal o Pedro Pinho fazer o que devia ser feito pelo Moreirense ou pelos delegados da Liga mas o País quase que parou por isto. O ministro da Educação não deve estar bem, então vem dizer que é por causa daquilo que não há público nos estádios? Culpar a GNR também é lamentável mas é um facto que não confiam na GNR porque se foram pôr à volta do árbitro e veio outro segurança da polícia. É preciso tanto aparato? Quem paga aquilo somos nós todos. Ridículo, é empolar o que se passou”, prosseguiu.
“Campeonato? Eu tinha dito aqui que acreditava no título se as coisas decorressem de forma normal. Assim, entreguem lá o Campeonato a quem quiserem. Se acredito? Agora acredito menos porque não foi normal, não é normal deixar passar três penáltis escandalosos. E no dia em que for normal, deixo de ir ao futebol”, concluiu.