Hong Kong proibiu a utilização do espaço onde habitualmente se realiza a vigília em memória dos protestos de Tiananmen devido às medidas de prevenção da pandemia da Covid-19, noticiou a emissora pública local RTHK.

De acordo com a estação, que citou na terça-feira um porta-voz do Departamento de Lazer e Serviços Culturais do território, já foi comunicado aos organizadores que a realização da vigília de 4 de junho, data em que se assinalam os protestos em Tiananmen, em 1989, não será permitida em Victoria Park, “tendo em conta a última situação do coronavírus”.

Nos últimos sete dias, a região administrativa especial chinesa registou 34 casos, mas destes apenas quatro locais. Desde o início da pandemia foram contabilizados 11.748 casos, com 11.379 recuperados, e 209 mortos.

Este será o segundo ano consecutivo que a vigília não se realiza em Hong Kong: em 2020, a polícia recusou-se a conceder autorização para a vigília, pela primeira vez desde 1990, apontando que seria uma “grande ameaça à saúde pública”, de acordo com a RTHK.

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Hong Kong e Macau são os únicos locais na China onde têm sido autorizadas manifestações sobre o massacre de Tiananmen, um acontecimento que continua a não ser reconhecido por Pequim. Na antiga colónia britânica, a vigília atrai dezenas de milhares de pessoas, e no antigo território administrado por Portugal, algumas centenas. No ano passado, em Macau, as autoridades proibiram, pela primeira vez em 30 anos, a realização do evento no espaço público, uma decisão então justificada com os esforços de prevenção da Covid-19.

Na noite de 4 de junho, as autoridades de Macau montaram uma operação e acabaram por deter duas estudantes e filhas do deputado pró-democracia Au Kam San, com os agentes a apreenderem duas velas e um livro sobre Tiananmen.

Hong Kong e Macau foram as últimas parcelas do território da China sob administração estrangeira. A transferência da administração de Macau ocorreu no final de 1999, pouco mais de dois anos depois de a China ter recuperado a soberania sobre Hong Kong.

Em ambos os casos, Pequim aplicou o princípio “Um País, Dois Sistemas”, que permitiu a Hong Kong e Macau manterem o sistema capitalista e o modo de vida, incluindo direitos e liberdades de que gozavam as respetivas populações. As duas regiões têm autonomia em todas as áreas, exceto na diplomacia e na defesa.