O coordenador da “task force” do plano de vacinação contra a Covid-19 anunciou esta sexta-feira que vão ser vacinados mais cerca de 45 mil professores que ficaram de fora das fases anteriores de imunização dos docentes e não docentes. Além disso, anunciou também que as pessoas com menos de 60 anos vão poder receber a vacina da AstraZeneca contra a Covid-19, mediante o seu “consentimento informado”.

“Ainda vamos vacinar cerca de 45 mil professores neste processo”, adiantou o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo num “webinar” promovido pela Unicef no âmbito da Semana Mundial da Imunização que termina esta sexta-feira.

Segundo o responsável do plano que teve início a 27 de dezembro de 2020, a vacinação dos professores foi “um processo com diferentes fases”, mas alguns dos docentes “não conseguiram entrar” nos dois fins de semana em que decorreram as vacinações, “não por culpa” da “task force”.

Estamos permanentemente a recuperar as pessoas (ainda não vacinadas) porque o nosso conceito é que ninguém fica para trás, o que dá um trabalho muito elevado”, salientou Gouveia e Melo.

De acordo com o coordenador da “task force”, essa recuperação de pessoas ainda não vacinadas não pode ser impeditiva de se “avançar a uma velocidade cada vez mais rápida”, tendo em conta o objetivo de vacinar 100 mil pessoas por dia com vista a alcançar a imunização de grupo no país.

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O primeiro exercício de vacinação do pessoal das escolas decorreu no fim de semana de 27 e 28 de março, em que foram vacinados mais de 60 mil professores e não docentes do ensino pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino público e privado.

No fim de semana de 17 e 18 de abril foi a vez dos trabalhadores das escolas do 2.º ciclo ao ensino secundário, incluindo também alguns profissionais do pré-escolar e 1.º ciclo que não tinham sido chamados para as primeiras datas. Nesses dois dias, foram administradas 183 mil vacinas.

Pessoas abaixo dos 60 anos podem tomar vacina AstraZeneca com “consentimento informado”, diz “task force”

No mesmo âmbito, o coordenador da “task force” disse também que as pessoas com menos de 60 anos vão poder receber a vacina da AstraZeneca contra a Covid-19, mediante o seu “consentimento informado”.

Fui pedir para que se crie uma exceção — e há uma exceção — que, com o consentimento informado das pessoas, se a pessoa quiser ser vacinada com a AstraZeneca, pode ser vacinada com a AstraZeneca abaixo dos 60 anos”, adiantou.

Henrique Gouveia e Melo reiterou o benefício das vacinas contra a Covid-19 face ao risco de doença grave ou morte provocada pelo vírus SARS-CoV-2.

Se me pusessem a hipótese de estar numa linha em que a probabilidade de me acontecer uma coisa é de uma em meio milhão e estar noutra linha em que a probabilidade de me acontecer uma coisa má é uma em 500, não tinha dúvidas para qual dos lados é que ia pender”, afirmou.

Nesta conferência “online”, Gouveia e Melo considerou ainda “não ser uma boa estratégia” optar por não se ser vacinado contra o novo coronavírus.

De facto é lamentável que, havendo pessoas a morrer por Covid-19, se esteja a discutir coisas muito difíceis de compreender. Basta dizer que, na última semana, se calhar morreram mais pessoas por Covid-19 do que todas as pessoas que morreram no mundo inteiro em resultado de efeitos colaterais da vacina da AstraZeneca”, afirmou.

A 8 de abril, as autoridades de saúde portuguesas recomendaram a administração da vacina desta farmacêutica em pessoas acima dos 60 anos de idade, seguindo a decisão de mais de uma dezena de países, que introduziram também restrições etárias nessa altura.

Essa decisão surgiu na sequência da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) ter indicado uma “possível ligação” entre esta vacina e “casos muito raros” de formação de coágulos sanguíneos, mas insistiu nos benefícios do fármaco face aos riscos de efeitos secundários.

Já esta sexta-feira a Direção-Geral da Saúde (DGS) admitiu, numa atualização da norma sobre esta matéria, que utentes abaixo dos 60 anos vacinados com a primeira dose da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 podem receber a segunda dose ou esperar por informações sobre a combinação com outra vacina.

“As pessoas com menos de 60 anos de idade podem: fazer uma segunda dose de Vaxzevria (novo nome dado à AstraZeneca), com um intervalo de 12 semanas após a primeira dose, de acordo com a atual recomendação da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) ou aguardar que sejam conhecidos novos dados relativamente à utilização de uma vacina de outra marca, para completar o esquema vacinal”, refere o documento da DGS.