A poucos dias das eleições autonómicas em Madrid, o presidente do governo de Espanha, Pedro Sánchez, tornou-se no principal alvo das críticas de Isabel Díaz Ayuso, a candidata do Partido Popular (PP) à reeleição, que antevê uma “queda histórica” do PSOE e de Angel Gabilondo na próxima terça-feira.
“O grande problema de Madrid é Pedro Sánchez”, atirou Ayuso numa entrevista na manhã desta sexta-feira à esRadio, criticando o presidente do governo espanhol pela indefinição em torno dos próximos passos no combate à pandemia em Espanha. “A uma semana do fim do estado de emergência, nem as empresas, nem as comunidades autónomas, nem as famílias, nem o turismo, sabem o que vai fazer a Moncloa [sede do governo]”, acusou Ayuso, afirmando que Espanha está “paralisada” por um “governo de preguiçosos”.
A relação entre a presidente da comunidade de Madrid e Pedro Sánchez tem sido marcada por grandes divergências no combate à pandemia, e a candidata do PP procura ganhar pontos nos últimos dias de campanha, atacando diretamente o líder do governo espanhol. Além disso, Ayuso não resistiu a mandar uma farpa ao PSOE, antevendo uma “queda histórica” do partido de Sánchez nas eleições autonómicas da próxima quarta-feira.
De acordo com as sondagens, agregadas pelo El País, o PP deve conseguir uma vitória folgada, com cerca de 40% dos votos, conseguindo eleger 59 deputados. No entanto, o partido de Ayuso não deverá conseguir a maioria absoluta, e poderá precisar do Vox para governar — o partido de extrema-direita, que tem Rocío Monasterio como cabeça de lista, surge em quarto lugar, com 9% a 10% dos votos, o que lhe permitiria eleger 13 deputados, o suficiente para os dois partidos conseguirem ultrapassar a barreira dos 69 deputados necessários para uma maioria.
Atrás do PP, surge o PSOE, com 21% dos votos. A candidatura dos socialistas na capital é encabeçada por Ángel Gabilondo, que tem vindo a cair um pouco nas sondagens, com alguns analistas a notarem que a presença de Pedro Sánchez na campanha eleitoral acabou por ofuscar o candidato.
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Além disso, à sua esquerda, o PSOE vê o Más Madrid aproximar-se e algumas sondagens dão o partido de Iñigo Errejon a aproximar-se. Mónica García, candidata do Más Madrid, tem vindo a marcar pontos durante a campanha, e as sondagens dão-lhe 16% dos votos, o que permitiria a eleição de 23 deputados, menos sete que os socialistas.
Para trás, tem ficado o Podemos, que apostou tudo nestas eleições com a candidatura de Pablo Iglesias, que deixou o governo espanhol e anunciou que pretende abandonar a liderança do partido. As sondagens dão cerca de 7% dos votos ao Podemos, o que traduziria em nove deputados — antes de Iglesias anunciar a candidatura, a representação do parlamentar estava em risco, uma vez que as suas intenções de voto não iam além dos 5% (o mínimo para eleger deputados).
Prestes a desaparecer do mapa político na capital espanhola está o Ciudadanos, que rompeu com o PP em Múrcia e levou Ayuso a convocar eleições antecipadas em Madrid, afastando o seu antigo parceiro. O partido, que deposita em Edmundo Bal as suas esperanças para Madrid, está nos 4%, a um ponto percentual de conseguir representação parlamentar. No entanto, caso Bal seja bem sucedido e ultrapasse os 5%, o Ciudadanos ainda pode vir a baralhar as contas.
Para as eleições de 4 de maio, o cenário mais provável é a vitória do PP, que poderá fazer um acordo com o Vox ou até mesmo convidar o partido de extrema-direita para o governo autonómico. A esquerda, no entanto, ainda acredita que poderá conseguir ter mais votos do que a direita, o que lhe permitiria uma geringonça entre o PSOE, o Más Madrid e o Podemos. Nas sondagens agregadas pelo El País, a esquerda está a sete deputados de o conseguir.