Desde a versão 14.5, a mais recente do iOS, o sistema operativo móvel da Apple, que o Facebook passou a pedir autorização explícita aos utilizadores para que aceitem a recolha de dados pessoais. E como é que as redes sociais incentivam a que se aceite? O consentimento “ajuda a rede social a continuar a ser gratuita”, lê-se numa mensagem que a empresa mostra agora aos utilizadores.
A nova notificação, como conta o The Verge, começou a aparecer na semana passada — o iOS 14.5 foi lançado a 26 de abril. Num comunicado de fevereiro, o Facebook explicava que, apesar de a Apple agora exigir que cada app peça ao utilizador se pode recolher dados, que esta não proibia “ecrãs educacionais”. Mesmo assim, em redes sociais como o Twitter, há quem apelide esta mensagem como uma “tática de medo” [“scare tactic“, em inglês] para impelir os utilizadores a aceitarem que o Facebook continue a recolher esses dados.
[A publicação no Twitter que revelou que o Facebook estava a utilizar esta nova mensagem]
And it begins. @Facebook / @Instagram explore additional scare tactics to combat @Apple iOS14 #ATT privacy changes.
“Help keep Facebook free of charge” pic.twitter.com/mOB9WJpz9A
— ashkan soltani (@ashk4n) April 30, 2021
A questão “Aceita que o/a [nome da app] rastreie a sua atividade noutras aplicações de outras empresas e websites?” [em inglês, “Allow ‘app’ to track your activity across other copanies’ apps and websites?”] passou a ser obrigatória com o lançamento do iOS 14.5 e tem sido contestada pelo Facebook, que também detém o Instagram. A Apple diz que a “Transparência de Rastreio de Aplicações” [App Tracking Transparency, nome dado à ferramenta] exige que as apps obtenham a permissão do utilizador antes de rastrear os seus dados em aplicações” para os proteger. Porém, se o utilizador não se importar de ceder a informação, pode sempre “alterar nas configurações” noutra altura.
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Se utilizador não der autorização, a única coisa que muda na utilização dos serviços é estes passarem a não ter publicidade direcionada tendo como base dados pessoais e de utilização. Ou seja, mesmo se disser não, o utilizador pode continuar a usar apps como o Facebook e o Instagram.
O Facebook alega que a “App Tracking Transparency” prejudica os negócios mais pequenos. Segundo a rede social, ao não poder recolher dados e cruzá-los com os de outras aplicações, deixa de poder dar um serviço eficiente às pequenas empresas que utilizam as suas plataformas para fazer publicidade. Ou seja, como a maioria das empresas já utiliza o Facebook, a empresa acaba por não perder lucros. Já os negócios que pagam ao Facebook perdem qualidade num serviço de publicidade que a rede social fornece.